Analistas moçambicanos advogam a necessidade de investir na construção de infraestruturas hidráulicas para evitar que os efeitos das calamidades naturais sejam tão catastróficos como os do ciclone Idai e advertem que sem alternativas as pessoas não vão abandonar as zonas de risco.
Estes analistas dizem que há uma série de acções que Moçambique deve levar a cabo, face aos efeitos das calamidades naturais, entre as quais a construção de diques de defesa e de infraestruturas hidráulicas, para além do fortalecimento dos sistemas de monitoria e de informação.
Agostinho Vilanculos, do Departamento de Gestão das Bacias Hidrográficas de Moçambique diz que, tecnicamente, é possível conviver com os fenómenos naturais, tal como o fazem os holandeses.
"A Holanda é um país que está abaixo do nível médio das águas do mar; eles investiram muito nas infraestruturas hidráulicas de retenção, e hoje eles têm uma outra abordagem em relação a estes fenómenos", defende Agostinho Vilanculos.
Há quem afirme que o reduzido número de infra-estruturas hidráulicas na zona centro fez com que os efeitos do ciclone Idai fossem bastante severos, tanto em termos de vítimas humanas como em termos de destruição de bens.
Vilanculos reconhece que Moçambique investe muito pouco na construção de infraestruturas hidráulicas, sublinhando que na bacia do Buzi "só temos uma infraestrutura hidráulica, que é a barragem do Chicamba, e na bacia do Púngoè não temos nenhuma infraestrutura neste momento".
Muitas pessoas interrogam-se por que este drama humano, uma vez que se afirma que Moçambique evoluiu muito em termos de sistemas de informação e monitoria?
O director-geral adjunto do Instituto Nacional de Meteorologia, Mussa Mustafa, diz que o sistema de aviso prévio "funcionou muito bem", mas sustenta que "o problema é porque as pessoas não acreditam na informação que é transmitida".
Entretanto, o economista Constantino Marrengula é de opinião que há um problema com a informação que é transmitida às pessoas.
"É preciso melhorar a informação, mas, acima de tudo, dar alternativas às pessoas para poderem sair das zonas de risco", defende o analista.
O Governo moçambicano actualizou nesta terça-feira, 2, o número de mortos devido ao ciclone Idai em 598.
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