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Manica: Detido polícia alegadamente envolvido no tráfico humano


Manica, Moçambique - Procuradoria provincial
Manica, Moçambique - Procuradoria provincial

A Polícia moçambicana deteve um agente da corporação por integrar a rede internacional de imigração clandestina ao ter sido flagrado a guiar 82 imigrantes etíopes que seriam traficados para a África do Sul, disseram à VOA nesta terça-feira, 16, várias fontes locais.

Manica: Detido polícia alegadamente envolvido no tráfico humano
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Este é o segundo elemento da rede que é detido em nove meses pela Polícia em Manica, a província moçambicana que continua a lutar com uma crescente onda de imigração ilegal, que as autoridades atribuem à inovações das redes de tráfico e porosidades das linhas de fronteira.

O superintendente da Polícia afeto ao comando distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito de Macate, é suspeito de ser o facilitador da entrada no país dos 82 imigrantes ilegais, que devia entregar a um outro guia do Zimbabwe na fronteira de Machipanda, a principal terrestre entre Moçambique e Zimbabwe.

Os 82 imigrantes etíopes seguiam disfarçados num camião cavalo articulado, com matrícula sul-africana, especializado no transporte de fruta e legumes, e foram encontrados em Messica, a cerca de 40 quilómetros da fronteira com o Zimbabwe.

Abílio Mate, porta-voz dos Serviços Provinciais de Migração de Manica, disse que as detenções ocorreram no âmbito da operação Benguerra e envolveu várias forças, que travam uma renhida luta para tirar Manica da lista de “corredor fértil” para traficantes de seres humanos.

“Decorrem trâmites para o repatriamento ao país de origem, mas antes, ainda se investiga as circunstâncias da entrada no território nacional, além do transportador que teria se colocado em fuga quando se apercebeu da presença policial”, disse Mate.

Um dos imigrantes ora detidos disse que os guias lhes mantiveram durante muito tempo no Malawi, sem acesso a água e comida, supostamente porque havia um controle cerrado na rota que seria usada para chegar à África do Sul, a partir de Moçambique.

Fraqueza das instituições

Entretanto, o sociólogo moçambicano, Abílio Mandlate, observa que um dos maiores problemas que o país enfrenta é a fraqueza das instituições em cumprir as missões para as quais foram criadas, desde as instituições de educação até a segurança.

“A Policia é um exemplo disso (...) já vimos agentes da Polícia envolvidos em casos de raptos, extorsão, assaltos, corrupção”, afirmou Mandlate, que sugere para um tratamento transparente do agente ora detido.

A rota

Lembre-se que em Março do ano passado um indivíduo moçambicano foi detido, em Chimoio, acusado de integrar uma rede internacional de imigração clandestina, após ter sido flagrado a guiar três cidadãos do Nepal, que pretendiam chegar a Maputo e depois a África do Sul.

Em Maio do mesmo ano, 15 imigrantes ilegais etíopes foram encontrados à deriva num cemitério familiar, no distrito de Zumbo, na província de Tete, que faz fronteira com a Zâmbia e o Malawi.

Já em 2022 a Polícia encontrou outros 99 cidadãos malawianos num camião cisterna, mas o caso mais grave de imigração ilegal foi a descoberta, em Março de 2020, de 64 imigrantes etíopes mortos por asfixia num contentor de um camião que tinha partido do Malawi. Catorze sobreviveram.

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