Um grupo de 106 moçambicanos dos quais 18 crianças e 21 mulheres, vitimas da xenofobia em Durban, partiram hoje, 16, de regresso a Moçambique, num transporte gratuito disponibilizado por Maputo.
Desde o dia 10 de Abril, outros 400 moçambicanos já regressaram a casa pelos seus próprios meios para fugirem à violência no país vizinho.
O Governo moçambicano enviou o vice-ministro do Interior José dos Santos Coimbra para acompanhar de perto a situação dos seus compatriotas e testemunhar a partida do primeiro grupo patrocinadas pelas autoridades de Maputo.
Na próxima semana vai sair outro grupo porque no interior do país os ataques prosseguem com alguma intensidade.
Mesmo os refugiados nos centros de acomodação têm sido afectados, quando tentam visitar as suas casas abandonadas.
Há três semanas João Canivete era um homem saudável e cheio de humor, apesar de viver num campo de refugiados com precárias condições de alojamento.
Mas quando tentou retomar o seu negócio ambulante, no centro da vila de Isipingo foi confrontado por cerca de seis homens que o agrediram com gravidade.
A Policia prometeu a João Canivete que podia prender os agressores, mas o imigrante moçambicano decidiu regressar à sua terra Natal, com o olho inchado, deixando atrás a sua esposa sul-africana e uma criança.
O Governo moçambicano disponibilizou dois autocarros para o transporte de pessoas e um camião para levarem os seus bens.
A partida do primeiro grupo de 106 moçambicanos foi testemunhada pelo vice-ministro do Interior, José dos Santos Coimbra, enviado pelo Chefe do Estado, Filipe Jacinto Nyusi.
O governante encorajou os seus compatriotas a regressarem a casa, mesmo sabendo que as oportunidades económicas são muito limitadas em comparação com África do Sul.
José dos Santos Coimbra disse o caminho está aberto. "Estamos a criar condições para vos receber em Moçambique. O governo não obriga para regressar, mas as quem quiser as portas estão abertas”, anunciou.
Entretanto, hoje houve uma marcha de repúdio à onda de xenofobia na cidade de Durban na qual participaram cerca de 15 mil pessoas, segundo os organizadores.
Mas o seu impacto é quase nulo porque os ataques continuam no interior dos bairros da cidade portuária.
Muita gente continua a fugir das suas residências para campos improvisados de refugiados.