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"Mãos Livres" denuncia ameaças a ativistas em Cafunfo e pede ao PR proteção aos defensores dos direitos humanos


Manifestação em Cafunfo, Lunda Norte, Angola (Foto de Arquivo)
Manifestação em Cafunfo, Lunda Norte, Angola (Foto de Arquivo)

Jorden Muacambinza tem sido ameaçado por denunciar a reabertura de casas de compra e vendas de diamantes na vila de Cafunfo, no município do Cuango, província da Lunda Norte”.

A Associação Mãos Livres (AML) manifesta em comunicado divulgado nesta terça-feira, 7, a sua “indignação com a contínua perseguição de ativistas dos direitos humanos na região leste “de Angola por “denunciarem más práticas de governação, corrupção e tráfico ilícito de diamantes” e pede ao Presidente da República para tomar medidas.

Este posicionamento, segundo a organização, surge na sequência das perseguições e ameaças de morte feitas pelas “autoridades locais ao ativista de direitos humanos Jorden Muacambinza por ter denunciado a reabertura de casas de compra e vendas de diamantes na vila de Cafunfo, no município do Cuango, província da Lunda Norte”.

Aquela organização não governamental dedicada à defesa dos direitos humanos e promoção da cidadania afirma ter tomado conhecimento das ameaças através da imprensa no passado dia 2.

A AML sublinha na nota assinada por Guilherme Neves ser do conhecimento público que “a corrupção e a atuação de alguns grupos económicos politicamente protegidos com interesses de apropriar-se indevidamente das terras comunitárias e dos recursos minerais para a expansão das atividades foram sempre uma das causas da violação dos direitos humanos e liberdades fundamentais dos cidadãos no setor do Cafunfo”.

Por isso, aquela organização “repudia, veementemente, a instrumentalização de órgãos públicos para intimidar e perseguir ativistas e organizações da sociedade civil por constituir um atentado à democracia”.

As denúncias de más práticas dos agentes públicos e privados de Muacambinza e de outros cidadãos servem, segundo aquela organização, “para que as entidades competentes possam tomar medidas cruciais contra a corrupção e pela transparência no poder público e na exploração dos recursos humanos”.

A AML insta a sociedade angolana e as instituições competentes a “dizer claramente basta, não tolerar a afronta dos nossos princípios democráticos”.

Além de manifestar “a sua solidariedade e seu apoio ao ativista Jordam Muabambinza”, a Mãos Livres insta o Presidente da República e as autoridades locais “a tomarem medidas cruciais em defesa da liberdade de expressão, da promoção da vida dos ativistas dos direitos humanos em Cafunfo e no país, em geral”.

A Voz da América tem tentado contacto com as autoridades em Cafunfo para uma reação, mas até agora sem resultado.

A vila diamantífera de Cafunfo tem sido palco recorrente de confrontos entre ativistas e defensores da autonomia da região das Lundas e a polícia.

A 30 de Janeiro de 2021, na sequência de uma manifestação organizada pelo Movimento Protectorado da Lunda Tchokwé contra a pobreza houve confrontos que terminaram em mortes, feridos e presos, cujos números, ao certo se desconhecem.

Enquanto a polícia apontou para seis mortos, organizações não governamentais falam em dezenas de vítimas mortais.

Na altura o Governo de Angola recusou um investigação independente sobre os confrontos do dia 30 de janeiro de 2021.

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