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Kinshasa acusa Ruanda de “declaração de guerra” e exige sanções da ONU


Membros da MONUSCO asseguram a evacuação do pessoal não essencial da ONU, na sequência do combate entre os rebeldes M23 e as FARDC, em Goma.
Membros da MONUSCO asseguram a evacuação do pessoal não essencial da ONU, na sequência do combate entre os rebeldes M23 e as FARDC, em Goma.

A República Democrática do Congo pediu no domingo, 26, sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Ruanda, dizendo que as suas forças tinham atravessado o território congolês no que equivalia a uma "declaração de guerra".

"Mais tropas ruandesas atravessaram os 12.º e 13.º postos fronteiriços entre Goma (na RDC) e Gisenyi (no Ruanda), entrando no nosso território em plena luz do dia, numa violação aberta e deliberada da nossa soberania nacional", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros congolesa, Therese Kayikwamba Wagner.

Arquivo: Therese Kayikwamba Wagner, ministra dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo, 2024.
Arquivo: Therese Kayikwamba Wagner, ministra dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo, 2024.

"Este é um ataque frontal, uma declaração de guerra que já não se esconde por detrás de artifícios diplomáticos", disse, apelando ao Conselho de Segurança para "impor sanções específicas, incluindo o congelamento de bens e proibições de viajar, não só contra membros identificados da cadeia de comando das forças armadas ruandesas, mas também contra os decisores políticos responsáveis por esta agressão."

Secretário-Geral da ONU apela ao Ruanda para que pare o avanço sobre Goma

O Secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu no domingo, 26, ao Ruanda que retirasse as suas forças do leste da República Democrática do Congo (RDC), onde se travavam violentos combates enquanto os rebeldes M23, apoiados por Kigali, se aproximavam da grande cidade de Goma.

À medida que os confrontos intensificam-se com a morte de cerca de uma dezena de soldados estrangeiros nas forças de manutenção da paz, o Conselho de Segurança da ONU preparou uma reunião de emergência sobre a crise, enquanto a RDC e o Ruanda retiravam os seus diplomatas das capitais uma da outra.

A reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, originalmente marcada para segunda-feira, foi antecipada para domingo, 26.

Antes do encontro, o Secretário-Geral do organismo mundial, Guterres, denunciou "a ofensiva em curso do grupo armado M23 e os seus avanços em direção a Goma, no Kivu do Norte, com o apoio das Forças de Defesa do Ruanda", segundo com uma declaração do seu porta-voz Stephane Dujarric.

"Pede ao M23 que cesse imediatamente todas as ações hostis e se retire das áreas ocupadas. Pede também às Forças de Defesa do Ruanda que cessem o apoio ao M23 e se retirem do território da RDC", acrescentou Dujarric.

As províncias orientais de Kivu do Norte e do Sul, ricas em recursos, têm sido assoladas por conflitos há três décadas, com o M23 a emergir como um dos grupos armados mais poderosos dos últimos anos.

O M23 tomou vastas áreas do leste da RDC desde 2021, deslocando milhares de pessoas e desencadeando uma crise humanitária.

Após as conversações de paz entre o presidente ruandês Paul Kagame e Felix Tshisekedi, da RDC, terem sido canceladas em meados de dezembro, os combatentes do M23, apoiados por milhares de soldados ruandeses, avançaram rapidamente em direção a Goma, capital do Kivu do Norte e uma cidade importante, onde vivem mais de um milhão de pessoas.

Papel de Luanda na mediação do conflito Ruanda - RDC: análise de Egna Sidumo
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No centro da cidade, as fortes detonações ecoam desde o amanhecer de domingo, de acordo com os correspondentes da AFP em Goma.

Mais tarde, no mesmo dia, um drone ruandês atingiu uma posição do exército congolês a cerca de seis quilómetros a norte da cidade, o que, segundo fontes de manutenção da paz da ONU, feriu pelo menos duas pessoas.

Acima de Goma, helicópteros de combate congoleses voavam. Carros e motas ainda circulavam, mas a maioria dos negócios estava fechada. À medida que os combates se aproximam, novas colunas de deslocados chegam à cidade.

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