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Quenianos regressam as suas terras natais para votar por receios de violencia


Eleitora queniano colando posters de campanha no bairro de Kibera, em Nairobi (Arquivo)
Eleitora queniano colando posters de campanha no bairro de Kibera, em Nairobi (Arquivo)

Muitos são aqueles que preferem regressar as suas comunidades por receiar a violencia eleitoral à semlhança de 2007/2008

O Vale do Rift no Quénia foi o epicentro de lutas étnicas a seguir as renhidas eleições presidenciais de 2007.

Com o espectro da nova eleição a ter lugar dentro de dias, algumas pessoas estão a precaver-se, porque receiam a erupção novamente da violência na província.

Há 5 anos, Peter Mureithi regressou a sua terra natal na província central para poder votar. Ele votou ali não porque tinha receios ou antecipou a violência que se seguiu as eleições, mas porque queria regressar as origens e estar com a família.

Desde então a violência pós-eleitoral forçou 600 mil quenianos a condição de deslocados internos e Mureithi era um deles. A sua casa e sapataria na cidade de Kapsabet no Vale do Rift foram assaltadas e vandalizadas durante as lutas entre os membros da comunidades Kalenjin e Kikuyu.

Nestas eleições, os Kikuyu e Kalenjin fazem parte da mesma coligação, mas Mureithi, um kikuyu diz que não não se sente seguro.

Afirma que o que o que aconteceu em 2007 obriga-o a votar outra vez na sua terra de origem, e tem receios pela sua vida num local como o Vale do rift, e por isso decidiu ir votar a sua terra natal.

Para as eleições de segunda-feira, a comunidade Luo está a apoiar a coligação CORD liderada pelo primeiro-ministro Raila Odinga, e não a coligação Jubilee de Uhuru Kenyatta e William Ruto.

Alexander Odhiambo que é um Luo e trabalhador comunitário na cidade de Bomet diz que apesar da campanha eleitoral parecer pacífica na região, não vai deixar a sorte ditar o seu destino, e vai mesmo abandonar a zona, assim que votar.

“Estou envolvido na oração pela paz, mas honestamente, não tenho certeza da situação, enquanto sentir-me como estrangeiro em Bomet. Acredito que devo colocar a minha segurança em primeiro lugar, e talvez só regressar após o anúncio dos resultados.”

Uhuru Keniatta e William Ruto são acusados de apoio e organização da violência pós-eleitoral 5 anos atrás, na qual mais de 1100 pessoas foram mortas. Ambos estão a ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional sob crimes de guerra contra a humanidade.

O governo de coligação queniano considera que procedeu reformas suficientes com vista a evitar o retorno da violência. Mas muitos quenianos acreditam que essas medidas não vão surtir o efeito.

As iniciativas pela paz parecem ser bem aderidas nas grandes cidades, mas nas cidades pequenas como Bomet, muitas pessoas continuam bloqueadas no passado e nas incertezas que dominam as eleições a ter lugar na Segunda-feira.
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