O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, está de visita à província de Cabo Delgado, onde manteve encontro com o seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, numa altura em que a comunidade ruandesa refugiada e a sociedade civil moçambicana se dizem alarmadas com a morte e desaparecimento de cidadãos daquele país em Maputo.
Kagame já visitou uma posição das forças ruandesas envolvidas no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, onde enalteceu como fundamental o seu papel nos esforços para eliminar em fenómeno.
O jornalista Fernando Lima diz que, do ponto de vista interno, faz todo o sentido a visita do estadista ruandês porque há progressos nas operações militares em Cabo Delgado "e esses progressos só foram possíveis graças a uma intervenção vital das forças ruandesas".
Aquele analista considerou, no entanto, incontornável a preocupação da comunidade refugiada ruandesa e da sociedade moçambicana, que pretendem saber se as pessoas que desapareceram ou foram assassinadas são alvos de esquadrões da morte ruandeses ou quaisquer outros motivos que expliquem essas situações.
Lima é da opinião de que em Moçambique e a nível internacional há preocupação com estas situações, "pois há suspeições em relação ao Ruanda dirigido por Paul Kagamé, e no passado aconteceram outras perseguições a cidadãos ruandeses, nomeadamente na África do Sul, situação que levou a um esfriamento nas relações entre Pretória e Kigali".
Para o director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, "não há dúvidas que o desaparecimento e morte de ruandeses em Moçambique é obra dos esquadrões da morte”.
“Eu estou alarmado com isso e penso que as autoridades moçambicanas devem esclarecer estes casos porque fica sempre uma suspeição”, acrescenta.
Moçambique e Ruanda, para além do campo militar, cooperam também no domínio económico, sendo significativas as trocas comerciais entre os dois países.