O governo moçambicano deverá lançar, em breve, um apelo aos parceiros internacionais de cooperação, para apoiarem na reconstrução dos distritos libertados do terrorismo, nomeadamente, Mocímboa da Praia, Macomia e Palma, na província de Cabo Delgado.
Animado pelos resultados operativos da força militar conjunta, que envolve as Forças de Defesa e Segurança, e os exércitos do Ruanda e da SADC, o governo está já a projectar o processo de reconstrução, tendo aprovado, nesta semana, em sessão do Conselho de Ministros, o plano para o efeito.
Neste momento, ainda não há dados objetivos da dimensão das destruições, muito menos o custo que o plano vai absorver, contudo, pelas projecções iniciais, o processo deverá contar com apoio de parceiros internacionais.
“Dentro em breve vai haver sessões apropriadas de apresentação (do plano) em que vão ser partilhados elementos específicos sobre a questão do orçamento, quem são os parceiros que já se pronunciaram e de quem se espera algum tipo de apoio” explicou o porta-voz do executivo, Filimão Suaze.
De acordo com Suaze, já há acções em curso, nomeadamente, no que diz respeito ao restabelecimento da rede eléctrica e outros aspectos imediatos, contudo, a capacidade interna é limitada para a dimensão do que deve ser reconstruído.
“O Governo já está no terreno a avançar com os meios próprios, mas, certamente não serão suficientes, não se pode esperar até que os parceiros se pronunciem. No âmbito das suas responsabilidades, o Governo está avançando", salientou.
Endividamento divide opiniões
Com a experiência do plano de reconstrução pós-ciclone Idai, que devastou a cidade da Beira, onde apesar de várias promessas, o plano continua com défice de financiamento, analistas estão divididos sobre uma eventual ida ao mercado, para contratar um endividamento público para materializar as acções previstas para Cabo Delgado.
Para o analista Fonete Taerro, o executivo deve equacionar tudo o que for necessário para garantir segurança das populações, após o regresso às zonas libertadas.
“A segurança das pessoas e o seu bem-estar não tem preço. Se o Governo decidir pelo endividamento, para uma missão nobre como a segurança do Estado e das pessoas, seguramente vale a pena,” disse o analista.
Opinião oposta tem Albino Forquilha, que considera que o país deve evitar qualquer acção que represente endividamento público.
“Não é oportuno falarmos mais de dívidas para o país, porque efetivamente, nós temos uma dívida insustentável e contratando outra dívida hoje, nós estaremos a perpetuar o sofrimento humano, não temos condições para que essa dívida seja paga de forma sustentável” vincou.