Pressões do Fundo Monetário Internacional poderão ter levado o presidente João Lourenço a cancelar a autorização que tinha dado para a compra de novas aeronaves para a companhia aérea TAAG.
Os aviões iam ser comprados à Boeing e à Bombardier .
Num decreto emitido na semana passada o Presidente cancelou também as negociações de financiamento dessas operações.
O decreto indica que alguns fundos poderiam já ter sido pagos ao afirmar que o ministro das finanças em articulação com o ministro dos transportes deve “dinamizar esforços junto dos vendedores e financiadores com vista a reverter todas as operações financeiras realizadas bem como minimizar os danos financeiros e reputacionais”.
O economista e deputado pela CASA-CE Manuel Fernandes entende que o FMI terá persuadido o presidente que a compra dos aviões não era um bom negócio.
Para Manuel Fernandes “a situação económica e financeira de Angola não aconselhava tais aquisições” recordando depois que o país “depende de financiamentos de linhas de crédito do FMI e de cooperação bilateral com outros países”.
“Isto terá concorrido, para que João Lourenço tivesse recuado", acrescentou.
O jornalista Ilídio Manuel disse não fazer sentido o estado gastar milhos de dólares na compra de aviões para a TAAG que o próprio governo quer privatizar.
"Alguém quis colocar a carroça à frente dos bois, ou seja o estado investir milhões na TAAG, para depois ser privatizado a favor desta nova geração de marimbondos”.
“Se eles de facto querem salvar a TAAG que sejam os novos parceiros a fazerem os investimentos e não o estado, para depois oportunisticamente começarem a vender as accoes e repartirem os dividendos", acrescentou
O especialista em políticas públicas David Kissadila pensa que o presidente tomou a posição certa afirmando que o que falta á TAAG é “uma gestão adequada”.
“Com os aviões que existem e os novos corpos diretivos colocados na TAAG depois de 4 a 5 anos sim poderiam comprar novos aviões", acrescentou.
O consultor de macroeconomia Galvão Branco considera que o recuo do Presidente pode causar alguns prejuízos para o estado mas não havia outra saída melhor.
'Isto pode provocar alguns custos adicionais ao estado e eventualmente na reputação mas a verdade é que a nossa tesouraria actualmente não é muito famosa (...) nesta altura não há condições para suportar encargos deste tipo de investimentos".