O Presidente angolano destacou nesta terça-feira, 4, a figura de José Eduardo dos Santos como “um estadista que soube interpretar a vontade do povo sobre a necessidade do abraço fraterno entre irmãos e do encontro da família angolana”.
Analistas políticos falam em reacções negativas ao discurso e UNITA, principal partido da oposição, enfatiza que a paz foi sempre um objectivo primordial seu fundador Jonas Savimbi.
Num curto discurso pronunciado no final da cerimónia de condecoração de várias personalidades angolanas por ocasião do Dia da Paz, que se assinala hoje em Angola, João Lourenço comprometeu-se “ a tudo fazer “ para o país nunca mais voltar a viver as agruras de uma guerra ou de instabilidade política ou social que ponham em causa o futuro do nosso belo país”.
Paz no MPLA
O Chefe de Estado falou sobre a juventude e pediu aos partidos e líderes partidários e religiosos e organizações não governamentais no sentido lhes incutir“ os valores do patriotismo, da ética, do civismo, amor ao trabalho, de dedicação aos estudos e à leitura, da defesa do ambiente e da natureza, do respeito e protecção aos velhos e às crianças e à mulher”.
O responsável da Associação, Justiça , Paz e Democracia, Serra Bango considera “tóxico”, o discurso do Presidente, no que tange à juventude e põe em causa os critérios que nortearam as condecorações.
Bango também defende que os elogios que João Lourenço teceu ao antigo Presidente de Angola “ visam fazer aproximar-se ao MPLA e fazer a paz internamente”.
Para o analista político Ilídio Manuel, a homenagem que João Lourenço fez ao antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos “ está a colher muitas reações negativas”.
UNITA diz que paz era "objectivo" de Savimbi
Entretanto, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA considerou hoje que a paz foi sempre um "objectivo primordial do dr. Jonas Malheiro Savimbi".
Em comunicado enviado às redacções por ocasião do Dia da Paz , o principal partido da oposição ressalta que pela busca da paz o seu líder fundador “tomou várias iniciativas políticas e diplomáticas,não poupando-se a sacrifícios físicos e outros, ao ponto de doar a sua própria vida”.
A UNITA diz , no entanto, que volvidos 21 anos, os angolanos continuam a viver "uma grave crise política, judicial, económico-financeira e social, caracterizada pelo retrocesso dos indicadores do Estado Democrático de Direito, pelo aumento dos níveis de pobreza e do índice de desemprego com ênfase na juventude em idade activa, corrupção endémica e sistémica, a degradação dos valores morais e cívicos, o abuso e violação dos direitos humanos".
A nota reitera que o partido continuará a dialogar com o Governo para que este cumpra com os pendentes dos Acordos de Paz, entre os quais, a inserção e dignificação social de todos os ex-militares e a devolução do património material.
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