Os esforços de mediação de Angola no conflito na República Democrática do Congo (DRC) encontram-se em perigo de colapso total após avanços do grupo rebelde M23, já condenados pelo Presidente João Lourenço e pelo Departamento de Estado americano.
No passado sábado os rebeldes capturaram a cidade de Masisi, na província do Kivu Norte, numa ofensiva que Lourenço descreveu de “irresponsável” e o Departamento de Estado de violação “descarada” de acordos anteriores.
"Esta acção irresponsável compromete gravemente os esforços de pacificação do conflito prevalecente na região leste da RDC e representa uma flagrante e inaceitável violação ao cessar-fogo que vigora desde 4 de agosto de 2024”, disse o Presidente angolano em comunicado divulgado nesta terça-feira, 7.
João Lourenço manifestou ainda "profunda preocupação face à escalada do conflito" e considera a tomada de Masisi pelos rebeldes "uma violação da integridade territorial e soberania da RDC, tal como estipula o Ato Constitutivo da União Africana e da Carta das Nações Unidas".
Em Washington, o Departamento de Estado americano disse em comunicado que “os Estados Unidos condenam as violações descaradas do cessar fogo no leste da República Democrática do Congo pelo grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda e alvo de sanções pelos Estados Unidos e pela ONU".
“Os avanços contínuos do M23, incluindo a tomada da cidade de Masisi neste fim de semana, prejudicam os esforços para alcançar uma paz negociada no leste da RDC, ao mesmo tempo que prejudicam e deslocam civis na área”, acrescentando o comunicado que sublinha que “o M23 deve cessar imediatamente as hostilidades e respeitar o cessar-fogo”.
Os Estados Unidos “reiteram o apelo de longa data para que o Ruanda retire da RDC imediatamente todo o pessoal e equipamento das Forças de Defesa do Ruanda”.
“Para pôr fim ao conflito e ao sofrimento, é vital que tanto a RDC como o Ruanda cumpram os seus compromissos com o Processo de Luanda mediado por Angola e garantam que o mecanismo reforçado de verificação ad hoc esteja operacional”, conclui o comunicado do Departamento de Estado.
No mês passado, uma cimeira em que deveria participar os Presidentes do Ruanda e da RDC, com mediação de João Lourenço em Luanda foi cancelada após um impasse nas negociações.
Havia grandes esperanças de que a cimeira terminasse com um acordo de cessar-fogo.
Dias depois, o Presidente angolano enviou uma mensagem ao seu homólogo do Ruanda, através do ministro das Relações Exteriores, Téte António, que viajou expressamente a Kigali com esse propósito, de acordo com uma nota a Presidência da República, que não relevou o teor da mesma.
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