Um grupo armado atacou nesta sexta-feira, 10, um acampamento durante uma cerimónia de rito de iniciação feminina e matou quatro mulheres na aldeia Novo Cabo, posto administrativo de Chai, em Macomia, na província moçambicana de Cabo Delgado.
Moradores disseram à Voz da América que dezenas de palhotas foram incendiadas.
O grupo alegadamente ligado ao Estado Islâmico irrompeu a tiros o local e forçou a fuga em debandada de dezenas de adolescentes que estavam em preparação para passar para a fase adulta e que seriam liberadas no fim da cerimónia no domingo, 12, disseram várias fontes locais.
“Houve de verdade esse ataque e morreram quatro pessoas. De manhã eram três pessoas, mas essa tarde, conseguiram localizar mais um corpo de uma mulher”, contou Mamude Rafik, morador de Macomia, cuja sobrinha escapou no ataque.
Outro morador disse que o movimento dos rebeldes devolveu insegurança àquela aldeia e que um grupo de milicianos – a força local que ajuda a tropa moçambicana no combate à insurgência – tinha iniciado uma perseguição a os atacantes.
“Entraram mesmo nessa aldeia de Novo Cabo. Eles devem ter feito este ataque para interromper essa cerimônia e provocar pânico”, disse outro morador.
Um líder local, que preferiu o anonimato, reiterou que a situação de segurança continua frágil e que as informações, desde a semana passada, da circulação de centenas de insurgentes do Norte para o Sul da província de Cabo Delgado, tinham devolvido o medo por ataques rebeldes.
“A situação não está boa mesmo até hoje, mesmo que aparente calmo, mas eles (os insurgentes) podem vir”, a atacar, frisou aquele líder local em declarações à Voz da América em língua local.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba ainda não comentou sobre o incidente e o Ministério da Defesa Nacional moçambicano não respondeu ao nosso pedido de comentário enviado por e-mail.
Um milhão de regressados
As autoridades em Cabo Delgado anunciaram na quarta-feira, 8, que perto de um milhão de pessoas tinham regressado às zonas de origem, devido ao restabelecimento de segurança nos distritos largamente afetados pelo terrorismo.
Entretanto, um novo estudo do Observatório do Meio Rural (OMR), apresentado na quarta-feira, 8, em Pemba, pelo pesquisador Joao Feijó, revela que em muitas zonas para onde a população regressou, não há serviços básicos e o Estado não está presente, além de estar a ser reportada a situação de fome, que deixa as populações mais frágeis ao terrorismo.
Os terroristas que atuam em Cabo Delgado têm ligações ao Estado Islâmico.
Desde 2017, ataques provocaram a morte de cerca de quatro mil pessoas e a fuga de mais de um milhão de pessoas, segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que, no entanto, assegura o regresso de mais da metade dos deslocados.
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