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Há cinco anos 17 ativistas angolanos fizeram história


Ativistas no primeiro dia de julgamento em Luanda, novembro de 2015
Ativistas no primeiro dia de julgamento em Luanda, novembro de 2015

A 20 de junho de 2015 a polícia angolana deteve 13 ativistas por participarem de uma discussão sobre o livro de Gene Sharp “Da Ditadura à Democracia” e no qual eram abordados métodos pacíficos de protesto.

Dois dias depois, mais dois foram detidos e, mais tarde, as autoridades apresentaram também uma acusação formal contra duas mulheres, Laurinda Gouveia e Rosa Conde, mas não as detiveram.

No dia 22 dezembro do mesmo ano, eles foram colocados em prisão domiciliar, mas, a 15 de fevereiro 2016, Nito Alves foi condenado em julgamento sumário e enviado à prisão.

No 28 de março de 2016, o Tribunal Provincial de Luanda condenou os 17 ativistas a penas de prisão que variavam entre dois anos e três meses a oito anos e seis meses de prisão pelos crimes de atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.

Quando se completam cinco anos da prisão que foi um marco na história recente de Angola, Elias Isaac, na altura diretor da organização não governamental Open Society que acompanhou os fatos lamenta esse episódio.

“Foi um momento muito particular depois de 2002, naquilo que tem a ver com ativismo social dos jovens, foi o auge da paranóia política do regime que não tolerava nada, o grupo fez história no país”, avalia Isaac.

Questionado se as perseguições contra manifestantes podem voltar a acontecer, Elias Issac considera que o regime continua o mesmo.

“Tínhamos alguma esperança, mas pelo que vemos é tudo falso, o MPLA não vai mudar Angola, Angola é que deve mudar o MPLA porque quem mudou foi apenas um homem, mas o regime continua”, sublinha.

O jurista Pedro Kaprakata é peremptório ao afirmar que os 17 ativistas escaparam do fuzilamento.

“Se recuamos no tempo, os jovens teriam sido fuzilados por atentarem contra a imagem do Presidente da República, tal como diziam nos orgãos públicos”, lembra o jurista para quem as perseguições contra os jovens continuam e de forma mais feroz.

“A diferença é que no tempo de José Eduardo dos Santos, muitos jovens eram apanhados e deixados numa zona, agora os jovens são presos e condenados imediatamente, isso é o que vocês não retém”, sustenta.

Entre os detidos estavam Domingos da Cruz, Sedrick de Carvalho, Luaty Beirão, José Gomes Hata, Nito Alves, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, Hitler Samussuku, Inocêncio Brito “Drux”, Albano Bingo, Fernando Tomás “Nicola”, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Osvaldo Caholo, Rosa Conde e Laurinda Gouveia.

Eles foram colocados em liberdade em junho de 2016 ao abrigo de uma amnistia geral decretada pelo então Presidente José Eduardo dos Santos.

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