Há fome na província do Cunene e as ajudas são necessárias para acudir às comunidades afetadas pelos longos anos de seca.
O alerto foi dado pelo bispo da Diocese de Ondjiva, Dom Pio Hipunyati, para quem a Igreja depara-se todos os dias com pessoas que vão bater às suas portas à procura do que comer para saciar a fome.
O bispo, que defende a declaração do estado de emergência por parte das autoridades para permitir que as ajudas cheguem às populações vulneráveis, diz mesmo estar disposto a levar quem quer que seja às zonas de maior dificuldade.
"Há muita gente que quando nós falámos de que há fome perguntam: Quantas pessoas já morreram? Eu fico incomodado com esta pergunta. A minha resposta tem sido esta: Imaginemos um pai de família que está a trabalhar numa província distante e a esposa liga para ele dizendo: ó fulano estamos a morrer de fome mande-nos alguma coisa, então o pai vai perguntar quantos filhos já morreram? Para aferir-se que há fome é preciso que alguém morra? Não basta alguém não ter matabicho alguém não almoçar ter apenas uma refeição ou até refeições sem calorias sem nada, isto não é suficiente”, afirma Dom Pio Hipunyati em entrevista à Voz da América.
Aquele líder eclesiástico apela o Governo a ter a segurança alimentar como um grande desafio e reiterou a declaração de emergência para as ajudas poderem chegar.
“Nós, no passado, tínhamos a Cáritas, organização católica de caridade, e tínhamos até doações. Hoje o pessoal está todo sem meios, os fiéis, as pessoas estão cada vez mais pobres, as autoridades nossas, o Executivo diz que tudo está sob controlo não necessitamos de ajudas externas e estes organismos não doam nada sem a declaração do Executivo de que precisase disto ou daquilo. É o problema que tem havido muitas vezes em que nós falamos da fome e que quem devia declarar que de facto há fome não o faz, mas que há fome de facto há”, disse.
Quem também defende uma abordagem diferente para a garantia da segurança alimentar em Angola é o presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Cunene, Jorge Chimuandi, quem acredita que a falta de diálogo estruturado com compromisso entre o setor público e privado tem minado aqueles que podiam ser os melhores resultados das políticas públicas do Executivo angolano.
“Esta questão por exemplo de como sairmos desta situação da letargia de falta de alimentação, desvalorização do dinheiro, etc. etc., não poder ser alguém convocar um grupo em Luanda ou no sítio decisório e dizer o que é que vamos fazer porque há questões específicas que temos que resolver. Quando há parceria há o respeito pela paridade de regras significa dizer que você não pode tomar uma decisão sem me consultar porque quem vai operar a decisão sou eu”, disse Chimuandi.
A Voz da América tentou sem sucesso ouvir as autoridades locais.
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