A companhia privada angolana Omatapalo diz ter criado um programa de combate à fome e fomento à produção nacional, com o qual tenciona promover a auto-suficiência alimentar no país.
A iniciativa, em parceria com o Banco Alimentar de Angola, é vista como exemplo de que a insegurança alimentar continua a representar um sério problema para o Executivo do Presidente João Lourenço, que aprovou, em Maio, um adicional de 29,2 milhões de dólares para bens alimentares e meios essenciais para famílias carenciadas.
Levantamentos feitos pela VOA indicam que o governo vai em pelo menos quatro créditos suplementares a orçamentos, contando com o primeiro mandato, para assistir famílias carentes, numa média superior a 20 milhões de dólares.
O último, correspondente a 15 mil milhões de kwanzas, foi aprovado pouco antes deste anúncio da Omatapalo, que esteve a fazer doações em lares de acolhimento nas províncias da Huíla e Benguela, no âmbito do seu vigésimo aniversário, assinalado em Junho.
Programa arranca neste ano
A propósito do programa de combate à fome, que arranca ainda este ano, o consultor João Misselo da Silva, quadro da Organização Humanitária Internacional, louva a iniciativa, mas diz esperar que seja parte da sua responsabilidade social, não algo circunstancial para ofuscar as críticas pela forma como ganha contratos públicos
“É necessário perceber se dentro da empresa existe um programa de corporação e responsabilidade social, é normal que se aplique uma pequena parte dos lucros a favor destas franjas”, disse afirmando que no entanto “o outro cenário pode ser uma estratégia de fazer imagem positiva em função da contestação sobre o acesso às oportunidades dos grandes negócios”.
O presidente do Conselho de Administração da Omatapalo, Carlos Alves, é citado em comunicado distribuído à imprensa como tendo afirmado que “o apoio às comunidades e o alinhamento com as políticas de desenvolvimento do país, com foco na sustentabilidade, fazem parte do ADN do grupo”
No quadro deste programa, pequenos produtores da região Sul vão receber meios de trabalho para dinamizar a produção, o caminho escolhido para a luta contra a insegurança alimentar no país.
Apelo a mais iniciativas privadas
O evangelista João Guerra, da Igreja Católica, considera que outras grandes empresas devem fazer o mesmo para acudir os pobres num país com centenas de projectos falhados
“Isso faz muito bem às empresas, faz bem ao país, faz muito bem às comunidades., neste caso ganhamos todos, mas não podemos ficar só pela boa vontade, tem de haver praticidade”, afirmou , acrescentando que “hoje, com a prática, não teríamos tantos pobres, por isso não devemos ficar por aí, pelas vontades”.
Nos últimos tempos, o Governo tem vindo a publicitar o aumento de 8 para 11 mil Kwanzas mensais o valor das transferências para famílias pobres, mas em várias localidades, como noticiou a VOA, há agregados que dizem estar sem o dinheiro do Kwenda há mais de um ano.
Em Benguela, onde se encontra a Reserva Estratégica Alimentar (REA), dezenas de cidadãos regressaram à estrada nacional número 100 para recolher arroz e outros grãos.
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