A nova administração americana do presidente eleito Joe Biden deve ajudar “vigorosamente” o governo angolano na sua luta contra a corrupção, disse o analista Landry Signé da Instituição Brookings, um influente centro de estudos americano baseado em Washington.
Escrevendo na revista Foreign Policy, Signé disse que embora o governo de Donald Trump tenha adoptado uma estratégia para as relações com África que “criou grandes expectativas na comunidade política africana”, a falta de implementação dessa política “juntamente com retórica discriminatória e falhanço em envolver-se suficientemente a um alto nível, minou desde então o que poderia ter sido uma grande melhoria nas relações EUA-África".
O analista citou várias decisões do governo de Donald Trump que tinham minado essas expectativas, acrescentando que a nova administração Biden “tem uma oportunidade para mudar o rumo e marcar positivamente o futuro das relações EUA-África”.
O analista fez notar a grande presença da China no continente africano, mas diz que “se a administração Biden se centrar em áreas de grande vantagem competitiva dos Estados Unidos e elaborar uma política externa baseada em valores que têm em conta a preferência dos africanos para a responsabilização e democracia, os Estados Unidos têm uma oportunidade de ultrapassar a China no continente - mas tem que actuar rapidamente”.
Para Signé, Joe Biden poderá ter impacto no primeiro ano da sua governação se desenvolver soluções práticas para “desafios críticos como aqueles no Sudão, Zambia, Mali e Angola”, para além de implementar uma nova política de comércio com África tendo em conta que o programa de tarifas especiais para países africanos, AGOA, expira em 2025.
No que diz respeito a Angola o analista disse que ao longo da última década Angola tem sido vista como “um exemplo clássico da maldição dos recursos devido ao seu falhanço em transformar positivamente a sua economia”.
Depois de recordar a má administração e corrupção de anteriores governos em Angola, o analista da Instituição Brookings disse que o combate contra a corrupção do governo de João Lourenço “representa uma enorme oportunidade para o Tesouro dos Estados Unidos se envolver e ajudar vigorosamente Angola a recuperar bens e dinheiro roubados em escândalos prévios de corrupção – incluindo aqueles sediados nos Estados Unidos -e impedir movimentações financeiras ilícitas no futuro”.
“Os Estados Unidos deveriam participar na campanha anti-corrupção de Angola porque isso tem implicações mais alargadas tanto para outros países africanos como para o resto do mundo”, escreveu o analista recordando investigações em Angola a companhias chinesas alegadamente envolvidas em corrupção em Angola.
“A China é actualmente o maior investidor externo em Angola e os Estados Undos irão beneficiar em ajudar Angola a criar um sistema de oportunidades iguais onde investidores chineses estão sujeitos aos mesmos padrões anti-corrupção que os investidores dos Estados Unidos”, escreveu Signé.