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Força da CEDEAO na Guiné-Bissau continua a provocar diversas leituras


Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO (Foto de Arquivo)
Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO (Foto de Arquivo)

Um dia após a chegada da Missão Militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental para a Guiné-Bissau (MASGB), as opiniões dividem-se em torno do seu objectivo e pertinência.

A força de 631 homens chega ao país dois dias depois de o Presidente dissolver o Parlamento, demitir o Governo e marcar eleições legislativas para 18 de Dezembro.

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O escritor e investigador Samba Bari, em conversa com a VOA, apresenta uma certa reserva sobre a presença da missão militar, não compreendera preocupação da organização sobre a situação frágil que se vive na Guiné-Bissau.


"Na verdade é muito lamentável o desentendimento contínuo entre os guineenses e é de saudar a iniciativa da CEDEAO, mas a realidade do momento e as circunstâncias que se vive deixam nuvens de dúvidas do que poderá e vier", diz.

Para o jurista e especialista em assuntos da defesa Augusto Na Sambé, a vinda da missão militar não ajuda o país, mas, pelo contrário, irá trazer mais problemas "porque a CEDEAO já cá está sem uma autorização, porque fica ainda por reunir o Conselho dos Chefes de Estado-maior das Forças Armadas da Organização".


Samba Bari recorda o passado das forças militares da CEDEAO na Guiné-Bissau, salientando que em situações como essas seria todo aconselhável evitar desacordos entre os principais órgãos do país.

"Lembremos a guerra de 7 de junho. A estocada final foi na presença das forças da CEDEAO, que estavam a vigiar o acordo de Abuja. Também nos últimos anos, várias coisas aconteceram na vigência da força de ECOMIB, com perigo até de choque entre os homens. Tudo o que começa mal, dificilmente acaba bem", alerta aquele investigador.

"Portanto, acho que esta missão vai ser um fracasso, aliás a CEDEAO tem falhado sempre, nunca resolveu os problemas, tem criado mais problemas, e basta dizer que há um clima de hostilidade entre as nossas Forças Armadas e esta missão, porque não foram consultadas, tanto mais que o próprio Governo não sabe", afirma Na Smbé.

Um das principais objectivos da força militar durante os próximos 12 meses é ajudar as Forças de Defesa e de Segurança na manutenção da estabilidade, assim como apoiar os esforços de defesa e segurança, com vista a garantir a segurança do Presidente da República.
Também no entendimento Augusto Na Sambé, o envio de uma força militar para qualquer estado membro da CEDEAO requer a concordância dos órgãos da soberania, o que, na sua opinião, não foi o caso.

"O nosso ordenamento jurídico disse bem e claro: ninguém de forma alguma [nem o Presidente da República, nem o primeiro-ministro] não pode activar cláusula de vinda automática de qualquer força estrangeira sem ter antes de mais consultar o Parlamento, é grave", conclui aquele jurista.

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