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FBI lança campanha para recrutar espiões dentro da embaixada da Rússia


Embaixada russa em Washington
Embaixada russa em Washington

Guerra na Ucrânia e crescente autoritarismo do presidente russo vistos como oportunidade de recrutamento. Embaixador russo diz que a operação do FBI é ridícula

O descalabro da invasão da Rússia à Ucrânia é “uma crise” que abre as portas ao recrutamento de espiões e os Estados Unidos já lançaram uma campanha nesse sentido que visa também aumentar a paranoia dentro dos serviços de contra-inteligência russos.

O jornal Washington Post disse que a polícia federal americana, FBI – que é responsável por operações de espionagem dentro dos Estados Unidos – lançou uma campanha de anúncios de recrutamento pelo Facebook, Google e Twitter, anúncios esses que estão “geograficamente localizados” pois só aparecem nas imediações da embaixada russa em Washington.

A campanha na língua russa visa capitalizar no descontentamento que possa existir dentro dos serviços diplomáticos e de espionagem da Rússia, fazendo uso das próprias palavras do Presidente russo Vladimir Putin que há algumas semanas humilhou em público o chefe dos serviços de inteligência do país, quando este começou a gaguejar não sabendo o que responder sobre o que pensava sobre o futuro das regiões separatistas da Ucrânia.

“Fala claro Sergey Yevgenyevich”, disse Putin perante o visível desconforto e medo deste e os anúncios do FBI fazem uso dessas palavras afirmando: “Fala claro , nós estamos prontos a ouvir” e quem clicar no anuncio é imediatamente ligado para a página dos serviços de contra-espionagem do FBI.

O embaixador da Rússia em Washington Anatoly Antonov descreveu os anúncios de “ridículos” acrescentando que “parece que o Washington Post publicou esse material por ordem dos serviços de inteligência para anunciarem as suas “inovações” de recrutamento”.

“Tentativas de lançar confusão e organizar deserções entre o pessoal da embaixada russas são ridículos”, disse o embaixador.

Mas peritos em espionagem consideram que a ofensiva para recrutamento faz sentido porque regime ditatoriais geralmente provocam descontentamentos pessoais ou ideológicos que facilitam isso.

Douglas London que durante mais de 30 anos trabalhou nos serviços clandestinos dos serviços de espionagem americanos, a CIA, escreveu no Wall Street Journal que “a espionagem é um negócio predatório e há sangue na água”.

London, que falou também à cadeia de televisão MSNBC, disse que a tentativa do presidente Putin recrear o império soviético com base num sistema totalitário abre as portas ao recrutamento de espiões, recordando que durante a União Soviética a esmagadora maioria dos espiões americanos foram pessoal russo descontente com o sistema ou cujas famílias tinham sido vítimas de um modo ou outro do sistema totalitário.

Isso é muitas vezes despoletado por uma crise e segundo escreveu London “Putin entregou a um agente rival dos serviços de inteligência um presente: uma crise em precipitação”.

O regime autoritário do presidente Putin irá “usar da intimidação, violência, repressão e suborno para combater os riscos de contra inteligência ... mas estas medidas apenas criarão incentivos para os corajosos actuarem e são precisos apenas uns poucos para fazerem uma diferença extraordinária”.

Por outro lado Petter Lapp, um antigo agentes dos serviços de contra-espionagem dos FBI disse ao Washington Post que os anúncios do FBI tendo como alvo a embaixada russa em Washington são não só “uma estratégia brilhante de recrutamento” devido ao descontentamento que possa existir com os erros da invasão da Ucrânia, mas também por servirem para causar um sentimento de vulnerabilidade dentro dos serviços de contra-espionagem da Rússia.

Os membros dos serviços de contra-inteligência russos estão certamente a verificar que ninguém atraiçoa e “vão acabar a perseguir fantasmas que não existem e vão gastar atempo a fazer isso”

“Só isso é um sucesso de contra-inteligência para o FBI”, acrescentou.

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