O conflito militar que opõe a Rússia à Ucrânia, longe de ser um assunto exclusivo dos europeus, também anima as conversas entre os angolanos e são várias as leituras que apontam para as consequências que alguns especialistas admitem que já se fazem sentir.
Em causa está o facto de Angola possuir um modelo económico, cuja sustentabilidade depende em grande escala de produtos importados, sendo por isso motivo de preocupação, quanto ao impacto da invasão russa na economia do país.
Recentemente, a consultora Oxford Economics Africa considerou que a valorização da moeda nacional, o kwanza, é a principal arma para compensar o aumento dos preços dos bens importados para o país.
Num comentário à evolução dos preços em Angola em Fevereiro, a consultora alertou que "a guerra entre a Rússia e a Ucrânia pode ter um impacto directo em Angola se as importações de trigo e fertilizantes da Rússia forem afectadas de forma adversa", mas aponta que o impacto na evolução dos preços será apenas indirecto.
O aumento galopante do preço do barril de petróleo no mercado internacional, é outro fenómeno que se reflecte da guerra, entre a Rússia e a Ucrânia, na economia nacional, mas os governantes angolanos têm apelado à cautela sobre a alta dos preços para não embandeirar em arco.
A própria ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, já esclareceu, que o preço do barril de petróleo, acima dos cem dólares, obriga Angola a pagar mais aos seus credores internacionais.
Para o economista Alves da Rocha, o impacto negativo da guerra movida pela Rússia aos países, com os quais Angola mantém relações comerciais e económicas, já é um facto.
O também docente da Universidade Católica de Angola não tem dúvidas que a subida de preços no país vai mesmo acontecer e critica o voto de neutralidade manifestado por alguns países, onde se inclui Angola.