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"Exagerada e intimidatória", dizem analistas políticos sobre presença do exército nas ruas em Angola


Contingente das forças policiais angolanas, no Largo do Kinaxixi, Luanda. 25 de Agosto Angola
Contingente das forças policiais angolanas, no Largo do Kinaxixi, Luanda. 25 de Agosto Angola

Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas diz que medida visa evitar incidentes e proporcionar a manutenção da defesa e segurança” após as eleições

Fazedores de opinião em Angola consideram “exagerada e intimidatória” a colocação do exército em estado de excepção em todo o país.

O chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general Egídio de Sousa Santos, ordenou no domingo, 5, que até ao dia 20 de Setembro, o exército entre em “estado de prontidão combativa elevada”, supostamente “para evitar incidentes e proporcionar a manutenção da defesa e segurança” após as eleições, sobretudo na província de Luanda.

Para o investigador e jornalista Fernando Guelengue, a medida configura uma antecipada “acção psicológica” que visa evitar um eventual levantamento popular caso o Tribunal Constitucional (TC) decida por dar razão à Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que confirmou o MPLA como o partido vencedor das eleições de 24 de Agosto.

“Está-se mesmo a ver que afinal os resultados eleitorais divulgados não reflectem a vontade do povo”, defende o investigador para quem o aumento em espiral de movimentos sociais contestatários das eleições “está a amedrontar o partido no poder”.

Ainda assim, Guelengue diz que “elevar a prontidão combativa das FAA amedronta-nos a todos porque as Forças Armadas têm um agir diferente ao da polícia”.

“Se o propósito é intimidar, então estamos a projectar uma fotografia muito negativa para o país”, defende, por seu turno, o jurista Vicente Pongola, quem entende que a medida coloca o país “diante de uma medida excepcional que revela um divórcio entre a população e o poder instituído, cria um desconforto entre as pessoas e uma instabilidade emocional para quem quer investir em Angola”.

Aquele analista também entende que colocar nas ruas as FAA é revelador de que “há um medo excessivo por parte de quem governa”.

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O despacho

O despacho do general Egídio de Sousa Santos ordena a todas as unidades, estabelecimentos e órgãos das FAA a reforçarem “as medidas de segurança dos principais objetivos económicos e estratégicos e das instituições do Estado, controlo do movimento de colunas militares e restrições na saída de aeronaves militares, o serviço de guarda e guarnição e “elevado a rigor” a implementação das medidas de controlo do armamento e munições”.

O documento indica também que a Polícia Militar, em cooperação com a Polícia Nacional, deve intensificar o patrulhamento em carro e a pé nos centros urbanos e suburbanos, visando a recolha do pessoal e viaturas militares que contrariem as disposições contidas no despacho.

Lourenço promete festa pela "vitória do penta"

A medida foi anunciada numa altura em que o TC se prepara para decidir sobre o contencioso eleitoral face aos requerimentos apresentados pela UNITA e pela CASA-CE que não reconhecem os resultados eleitorais anunciados pela CNE, que deram uma vitória, com maioria absoluta, ao MPLA, com 51,17% dos votos, contra os 43,95% da UNITA.

Na sua conta na rede social Facebook, João Lourenço disse que o partido saiu à rua “para comemorar a vitória do penta”, mas que aguarda “serenamente pela decisão do Tribunal Constitucional”.

“Depois vamos organizar a segunda festa, a cerimónia de investidura e os actos que se seguem. Angolanos, estamos juntos”, afirmou.

O presidente da UNITA, por seu lado, continua a contestar a vitória do MPLA e começou, hoje, a divulgar na sua página no Facebook actas das assembleias de voto ganhas pelo seu partido.

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