O Conselho de Direitos da ONU votou, na sexta-feira (7), por uma estreita maioria para prorrogar por mais um ano uma Comissão de Especialistas encarregada de investigar a situação dos direitos humanos na Etiópia, devastada pelo conflito.
O texto apresentado pela União Europeia teve 21 votos a favor.
Dezenove países votaram contra, incluindo todos os membros africanos do Conselho de Direitos Humanos, excepto Malawi, que se juntou a outros seis que optaram pela abstenção.
Especialistas devem fazer um relatório verbal sobre a situação na Etiópia, em conflito desde Novembro de 2020, ao Conselho de Direitos Humanos, na sua próxima sessão, no início de 2023.
O representante da Etiópia em Genebra disse num tweet antes da votação que "a Etiópia a rejeita e solicita aos membros do Conselho que votem contra esse empreendimento político".
Mensagem poderosa
A Human Rights Watch disse que a extensão é "uma mensagem poderosa para as partes em conflito...que aqueles que cometem abusos podem um dia ser levados à justiça".
Também pediu aos estados que dêem à comissão os meios para realizar o seu trabalho.
"Esta decisão dá esperança às vítimas das contínuas violações dos direitos humanos na Etiópia de que alguém as apoia", disse a Amnistia Internacional.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse, em comunicado, que Washington saúda a extensão do mandato da comissão.
Price disse que “o governo etíope e todos os envolvidos neste conflito devem se comprometer com um processo de justiça transicional abrangente, inclusivo e transparente. Como dissemos desde o início, qualquer solução para a crise deve incluir a responsabilização, e a Comissão terá um papel essencial no apoio a esses esforços”.
A guerra matou um número incontável de civis e desencadeou uma profunda crise humanitária, e todos os lados do conflito foram acusados de graves abusos contra civis.
A Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) dominou a coligação que governa a Etiópia por décadas antes de Abiy Ahmed assumir o poder em 2018.
Após meses de tensões crescentes, o primeiro-ministro Abiy, vencedor do Prémio Nobel da Paz, enviou soldados a Tigray para derrubar o TPLF, dizendo que a medida era uma resposta a ataques a campos do exército federal.
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