ADDIS ABEBA, 8 Jan (Reuters) - Um ataque aéreo na região de Tigray, na Etiópia, matou 56 pessoas e feriu 30, incluindo crianças, num campo de deslocados, disseram dois trabalhadores humanitários à Reuters, no sábado (8), citando autoridades locais e relatos de testemunhas oculares.
O porta-voz militar coronel Getnet Adane e o porta-voz do governo Legesse Tulu não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
O governo já havia negado que ataca civis no conflito de 14 meses com as forças rebeldes de Tigray.
O ataque, na cidade de Dedebit, no noroeste da região, perto da fronteira com a Eritreia, ocorreu na noite de sexta-feira (7), disseram os trabalhadores humanitários, que pediram anonimato, porque não estão autorizados a falar com a imprensa.
Reconciliação
Na sexta-feira, o governo libertou líderes da oposição de vários grupos étnicos. O grupo incluia alguns líderes da Frente de Libertação Popular Tigray (TPLF), o partido que luta contra o governo central do primeiro-ministro Abiy Ahmed.
O TPLF expressou cepticismo sobre o apelo de Abiy à reconciliação nacional.
"A sua rotina diária de negar medicamentos a crianças indefesas e de enviar drones visando civis vai contra as suas alegações hipócritas", escreveu no twitter o porta-voz do TPLF, Getachew Reda, na sexta-feira.
O TPLF acusa as autoridades federais de impor um bloqueio de ajuda na região, levando à fome e à escassez de bens essenciais como combustível e medicamentos. O governo nega ter bloqueado a passagem caravanas de ajuda.
As tropas federais etíopes entraram em guerra com as forças rebeldes de Tigray em novembro de 2020. Desde que a guerra eclodiu, foram reportadas atrocidades de todos os lados, que igualmente recusam ter cometido.