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Empresários "mostram" caminhos para segurança alimentar em Angola à boleia do Corredor do Lobito


Campo agricola, Benguela
Campo agricola, Benguela

Estados Unidos da América poderão financiar pequenas, médias e grandes empresas angolanas agrícolas.

Uma vez concluída a ligação ferroviária Angola-República Democrática do Congo-Zâmbia, os Estados Unidos da América poderão financiar pequenas, médias e grandes empresas angolanas ligadas à autossuficiência alimentar. As famílias camponesas são colocadas na dianteira por especialistas.

EUA prontos a investir na agricultura no corredor do Lobito - 3:58
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O anúncio do apoio americano, feito recentemente em Benguela durante a visita de uma delegação de Washington ao complexo industrial da Carrinho, é visto como demonstração de que o Corredor do Lobito não se esgota no minério dos países vizinhos, podendo representar um estímulo para que Angola reduza a dependência externa da compra de alimentos.

"A segurança alimentar é uma prioridade para o Presidente Biden", diz a responsável norte-americana durante a visita a Benguela.

Em complemento ao apoio de mil milhões de dólares para a ligação ferroviária de Angola aos chamados “países encravados”, antecâmara da conexão do Atlântico ao Índico, os Estados Unidos querem estimular o agronegócio e a agricultura, através do Programa Global de Investimentos em Infra-estruturas (PGI).

A assistente sénior do mecanismo criado pelo G7, Danae Pauly, lançou o repto no termo da visita às instalações daquela que é a maior empresa angolana no domínio alimentar.

“A segurança alimentar é uma prioridade para o Presidente Biden e isso é uma das razões para que a agricultura e o agronegócio sejam importantes neste programa”, realçou a assessora, acrescentando: “queremos entender como os caminhos-de-ferro e o porto podem ajudar a fomentar os programas de agricultura, conectando os pequenos aos grandes produtores”.

Em conversa com a Voz da América, o empresário Paulo Neves, um importador que explora terra nas províncias do Huambo e Benguela, pede transparência e, acima de tudo, inclusão de pequenos produtores neste pacote.

“Infelizmente, neste país só quem tem ligações muito íntimas com o sistema é que consegue financiamento, o resto … nada. Mas se isso avançar é bom, principalmente para os produtores familiares, não as empresas”, refere Neves.

Biden recebe o Presidente angolano
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O empresário vinca, no entanto, que “são os pequenos que mais produzem, sem eles já tínhamos morrido à fome, basta ver o interior, o verde , mesmo num ou dois hectares, e até há bens a estragar-se devido ao excesso de chuva”, vinca o empresário.

Agronegócio não pode matar a agricultura familiar, alerta empresário

Por seu lado, o economista e agente comunitário, Abílio Sanjaia, ressalta que este financiamento pode ser feito via meios de trabalho ou dinheiro, mas teme que o agronegócio, para grandes produtores que necessitam de milhares de hectares, prejudique a agricultura familiar.

“Que não seja feito [agronegócio] à custa da eliminação da agricultura familiar, isso porque estaremos a assistir a muita demanda de terra. Há sempre o risco de as famílias perderem as suas terras comunitárias face ao agronegócio”, avisa o empresário, que assinala, entretanto, que “todo o apoio para a agricultura familiar é bem-vindo”.

O diretor executivo da Carrinho Indústria confirma que é difícil encontrar financiamento e diz que o grupo, que preenche apenas 30% de um potencial instalado de 1,5 milhões de toneladas, vê com bons olhos a estratégia norte-americana.

“O nosso primeiro investimento foi basicamente com capitais próprios. Sabemos que hoje está difícil conseguir financiamento internamente. Por isso, olhamos para o financiamento externo e procuramos parceiros que nos possam ajudar a concretizar objectivos, daqueles que acreditam em Angola e em África”, salienta Décio Catarro.

Durante a visita, o embaixador de Angola nos Estados Unidos, Agostinho Van Dúnem, destacou que a diversificação da economia angolana passa pela agricultura, atividade para a qual, conforme realçou, são chamadas empresas ao longo do Corredor do Lobito.

Com o apoio dos Estados Unidos, da União Europeia e do Banco Africano de Desenvolvimento, o PGI foi criado com foco nas economias emergentes, que deverão absorver nos próximos anos investimentos na ordem dos 600 mil miliões de dólares.

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