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Em Angola, Biden promete investir de forma diferente da China


Presidente dos EUA com o governo de Angola antes de embarcar o Air Force One no Lobito, Angola
Presidente dos EUA com o governo de Angola antes de embarcar o Air Force One no Lobito, Angola

Presidente dos EUA anuncia novos investimentos no valor de 600 milhões de dólares para o Corredor do Lobito.

O Presidente Joe Biden defendeu na quarta-feira, 4, em Angola, que os Estados Unidos devem fazer melhor do que a China para recuperar a sua influência em África.

Biden terminou o segundo dia de uma visita ao país africano, onde os Estados Unidos estão a apresentar um grande projeto de infra-estruturas destinado a contrariar os investimentos da China no continente.

“O investimento dos Estados Unidos versus o de outros, não se trata de mais ou menos, trata-se de (ser) diferente”, disse aos jornalistas um alto funcionário da administração norte-americana.

“Outros (estão) a entrar com cheques muito grandes, a construir muita coisa, mas isso é com taxas de juro elevadas sobre a dívida... e não vem com nenhum dos compromissos com a sua sociedade”, acrescentou a fonte.

O Presidente cessante tinha prometido visitar a África subsariana durante o seu mandato e é o primeiro Presidente dos EUA a deslocar-se a Angola, uma antiga colónia portuguesa outrora aliada da União Soviética.

Mas a viagem tem lugar numa altura em que Biden, de 82 anos, se prepara para deixar a Casa Branca com pouco peso político, o que levanta questões sobre o impacto da visita.

Na terça-feira, Biden encontrou-se com o seu homólogo, o Presidente João Lourenço, de 70 anos, eleito em 2017, e fez um discurso no Museu Nacional da Escravatura, onde outrora os escravos eram enviados para as Américas.

A agenda do democrata na quarta-feira foi centrada na economia e numa visita ao porto do Lobito, a cerca de 500 quilómetros (310 milhas) a sul da capital, Luanda.

O Presidente da República visitou também uma fábrica de processamento de alimentos e participou numa cimeira sobre infra-estruturas com os líderes de Angola, República Democrática do Congo (RDC), Zâmbia e Tanzânia.

Espera-se que o Presidente dos EUA anuncie novos investimentos no valor de 600 milhões de dólares para o Corredor do Lobito, um projeto de infra-estruturas de grande envergadura destinado a transportar minerais essenciais de países do interior para o porto angolano para exportação.

A Casa Branca afirmou que a iniciativa também ajudaria a desenvolver as comunidades em torno da linha férrea, incluindo o fomento da agricultura e dos negócios em geral.

Reduzir 45 dias para 45 horas

O caminho de ferro do Lobito, também financiado pela União Europeia e outros, vai reduzir o tempo necessário para transportar minerais da RDC e da Zâmbia para Angola de 45 dias para 45 horas, segundo a administração norte-americana.

A equipa de Biden disse estar confiante de que o Presidente eleito Donald Trump, que tomará posse a 20 de janeiro, apoiará o projeto que é amplamente visto como uma alternativa aos investimentos chineses no continente.

Não se pode dizer: “Quero competir com a China... e não apoiar o que está a acontecer aqui”, disse o alto funcionário da administração.

O presidente eleito republicano é conhecido por querer ser “duro” com a China e prometeu tarifas gerais, levantando preocupações de uma guerra comercial.

Durante o seu primeiro mandato, Trump não prestou muita atenção a África, um continente que uma vez descreveu como o lar de “países de merda”.

Para que o Corredor do Lobito seja um verdadeiro sucesso, os Estados Unidos terão de cooperar com a China, porque esta “domina o sector mineiro”, em particular na RDC e na Zâmbia, segundo Mvemba Phezo Dizolele, diretor do Programa de África do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, sediado em Washington.

“Os críticos do projeto (Lobito)”, disse Dizolele, "acusam-no de ser tão extrativo e explorador como a Iniciativa Cinturão e Rota da China" - o principal projeto de infra-estruturas internacionais da China.

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