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Eleição na Venezuela “não pode ser considerada democrática”, conclui Centro Carter


Observadores do Centro Carter durante as eleições na Venezuela, 28 julho 2024
Observadores do Centro Carter durante as eleições na Venezuela, 28 julho 2024

O Centro Carter (CC), uma das mais respeitadas organizações de fiscalização de eleições, concluiu que a eleição da Venezuela “não pode ser considerada democrática”.

A organização não governamental, fundada pelo ex-Presidente americano Jimmy Carter e pela sua falecida mulher Rosalynn, enviou uma equipa de 17 observadores eleitorais ao país sul-americano para acompanhar a votação.

Num comunicado divulgado na noite de terça-feira, 30, o CC disse que a votação “não cumpriu os padrões internacionais de integridade eleitoral”.

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, controlada por Maduro, anunciou na segunda-feira, 29, que o Presidente venceu as eleições com 51% dos votos, contra 44% do opositor Edmundo González.

Os resultados contradizem amplamente as sondagens de saída dos eleitores, que mostraram que González venceu por uma grande margem.

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O CC disse não poder verificar ou corroborar os resultados anunciados e que a falha da CNE em revelar os totais dos votos “constitui uma violação grave dos princípios eleitorais”.

Entre as questões apontadas pelo Carter Center estão a dificuldade dos venezuelanos nacionais e estrangeiros registarem-se para votar, a interferência nos registos de partidos e candidatos e as frequentes tentativas por parte das autoridades de restringir as actividades de campanha da oposição, incluindo “assédio ou intimidação”.

Opositores ameaçados

Horas depois de Maduro ter sido declarado vencedor, González e a líder da oposição, Maria Corina Machado, disseram aos jornalistas que obtiveram mais de 70% dos editais da votação, mostrando Gonzalez a ganhar mais de 6 milhões de votos, com Maduro a ganhar pouco mais de 2 milhões de votos.

O anúncio da vitória de Maduro desencadeou imediatamente protestos na capital, Caracas, e em toda a Venezuela, que se tornaram violentos e pelo menos 16 pessoas morreram, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Foro Penal, sediado na Venezuela.

O procurador-geral, Tarek William Saab, disse que pelo menos 750 pessoas foram detidas e enfrentam acusações de terrorismo e outros crimes.

Saab emitiu mandados de detenção na terça-feira para González e Machado, a quem acusou de atacar o sistema eleitoral sem oferecer qualquer prova.

O partido da oposição Voluntad Popular disse, na terça-feira, que o líder Freddy Superlano foi levado por homens mascarados armados.

Maduro e um aliado importante, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, pediram na terça-feira a detenção de González e Machado, que foi impedido de se candidatar após uma decisão do Supremo Tribunal da Venezuela.

Machado e González ignoraram as ameaças de Maduro e Rodriguez ao realizarem um comício em Caracas, fora da missão das Nações Unidas, com a participação de milhares de apoiantes, muitos deles provenientes de bairros da classe trabalhadora que têm sido bastiões eleitorais de Chávez e Maduro.

Sem reconhecimento internacional

Os resultados foram recebidos com ceticismo por vários vizinhos sul-americanos da Venezuela.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Costa Rica ofereceu asilo político a Machado e González, bem como a seis membros da oposição que procuraram abrigo na embaixada da Argentina.

Os governos dos dois países e os do Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, numa declaração conjunta na segunda-feira, apelaram a uma contagem transparente dos votos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yvan Gil, respondeu aos diplomatas do país da Argentina, Costa Rica, República Dominicana, Panamá e Peru, Uruguai e Chile.

A Casa Branca emitiu um comunicado na terça-feira, 30, a informar que o Presidente norte-americano, Joe Biden, falou com o seu homologo brasileiro, Lula da Silva, sobre a situação na Venezuela e “concordaram na necessidade da divulgação imediata de dados eleitorais completos, transparentes e detalhados” e que a eleição “representa um momento crítico para a democracia no hemisfério”.

A vitória de Maduro foi reconhecida apenas pela Bolivia, China, Cuba, Honduras, Irão, Nicaragua e Russia.

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