Os economistas António Francisco e João Mosca considera ser falsa a ideia do Ministério da Economia e Finanças de que a economia nacional está a registar bons sinais de recuperação. Mosca dá conta que o custo de vida continua difícil no país, enquanto Francisco alerta para a queda do país no índice de liberdade económica internacional.
Fazendo balanço do desempenho económico primeiro trimestre de 2017, o Ministério da Economia e Finanças deu conta de uma recuperação económica, baseando-se no facto de a moeda nacional estar a registar uma recuperação na sua cotação face ao dólar norte-americano, a colecta de vinte por cento da meta anual de impostos situado em mais de 180 mil milhões de meticais, motivado pela trégua sem prazo, segundo o Director Nacional, Rogério Nkomo.
"A sessão das hostilidades militares deram indícios de uma nova dinâmica, uma nova retoma da economia neste primeiro trimestre. Esta retoma criou condições para a prossecução daquilo que são os objectivos da política fiscal para o ano 2017", disse Rogério Nkomo.
Porém, o economista João Mosca diz que esta ideia é falsa tendo em conta o alto custo de vida no país:
"Alguns aspectos podem estar a recuperar, pode ser que com fim do conflito os transportes comecem a circular mas livremente, as mercadorias são escoadas mais rápido, os custos podem baixar, as pessoas já vão para as machambas. Portanto, há certos aspectos que podem melhorar pelo simples facto de a guerra acabar. Mas em termos económicos não me parece que exista situação de melhoria, porque a dívida continua, o défice orçamental continua, o défice da balança de pagamentos continua, a inflação continua muito alta, os preços dos produtos alimentares continuam a subir, as pessoas sentem mais dificuldades de viverem com os recursos que possuem, com os salários e rendimentos que tem dos diferentes tipos de negócio que fazem, às é presas estão a fechar, o desemprego está a subir, portanto depois de tudo isso dizer que a economia está a a recuperar é mais uma mentira do que uma meia verdade", disse João Mosca.
Índice de Liberdade Económica em queda
Outro economista, António Francisco, do IESE, Instituto dos Estudos Económicos e Sociais de Moçambique, partilha desta ideia, acrescentado à queda do país no ranking de liberdade económica.
"Há pouco tempo saiu um índice de liberdade económica ao nível internacional, Moçambique tem estado numa situação de regressão para um nível de ambiente reprimido, muito difícil, não me parece que seja razão para que as pessoas sigam que há um ambiente de investimento, não há ambiente de investimento. Moçambique sempre esteve no lixo, isso significa que é um ambiente muito especulativo e esse ambiente não alterou. O que está a acontecer é algumas instituições perante estas dificuldades estão a encontrar soluções para que as pessoas continuem a ter vida, apesar de a situação de falência em que o país se encontra há vida depois da falência e o país não pode fechar e a sociedade e acho que é essa razão porque se diz que está a haver uma certa recuperação", considerou António Francisco.
A crise que Moçambique assiste é derivada do corte da ajuda externa ao orçamento do estado, depois da descoberta das dívidas ocultas.