A eclosão de casos suspeitos da febre tifóide está a deixar em alerta a cidade de Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado, ainda saturada com deslocados que fogem de ataques de grupos terroristas, disseram à Voz da América residentes e autoridades.
As unidades sanitárias de Pemba começaram a registar com preocupação nos últimos dias um aumento de pacientes com sintomas suspeitos de febre tifóide, uma doença geralmente associada a baixos níveis socioeconómicos em zonas com precárias condições de saneamento básico.
Milhares de famílias acolheram deslocados de guerra e partilham minúsculos quartos e os escassos alimentos em bairros com deficiente saneamento, agravado com a falta de água potável e condições de higiene pessoal, que se tornaram num cocktail fértil para a doença.
“Estamos a passar muitas dificuldades, há défice de gestão de lixo, há muita agua estagnada na urbe, e há também muita circulação de estrangeiros, e não sabemos de tudo o que esta a nos causar essas doenças, apesar de ser só suspeitas”, disse à Tomas Fabião, um morador de Pemba.
Outra moradora, Ana Francisco, observa que o saneamento do meio precisa ser melhorado na urbe, para atender a nova realidade social de uma cidade abarrotada e que “tem de enfrentar estas suspeitas” da febre tifóide.
Casos suspeitos e medidas
As autoridades sanitárias em Pemba avançam que os casos suspeitos da febre tifóide foram registados em algumas unidades sanitárias na cidade de Pemba, geralmente com os pacientes a apresentarem causas muito parecidas da doença, tosse seca, diarreias e manchas rosadas no troco.
“Temos alguns casos suspeitos de febre tifóide diagnosticadas de forma ironia” nas unidades sanitárias de Pemba, disse Álvaro Ernesto, delegado do Instituto Nacional de Saúde em Cabo Delgado, anotando que foi iniciado um estudo de prevalência dos casos.
Aquele responsável acrescenta que a prevalência será usada para definir o diagnóstico e as políticas de saúde, de abrangência nacional, para enfrentar o problema, até agora concentrado na cidade de Pemba.
“Temos um estudo a decorrer desde Março, quando colhemos na altura 250 amostras” enviadas para laboratórios, acrescentou Álvaro Ernesto, vincando que o fluxo migratório pode estar a concorrer para o surgimento dos casos suspeitos da tifóide.
“É nossa preocupação fazer uma vigilância activa de modo que qualquer caso que seja suspeita, que seja identificado no território nacional seja abordado de acordo com os padrões internacionais”, conclui Ernesto.
A tifóide continua a ser um problema substancial para a saúde publica em muitos países de baixo e médio rendimento, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo que crianças e adolescentes são as mais afectadas.
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