Em Moçambique, a dívida da Empresa Moçambicana de Atum-Ematum, no valor de 850 milhões de dólares contraída no fim do mandato do anterior governo está a levantar muitos problemas, mas, economistas dizem que também é preocupante que a empresa, como tudo indica, não tenha capacidade de pagar o seu crédito.
Em vários círculos de opinião, há o sentimento de que o caso Ematum foi mal gerido desde o início, havendo, inclusive, quem questione se faz sentido investir quase mil milhões de dólares na pesca de atum.
O economista Ragendra de Sousa diz que esta e outras questões que se levantam em torno desta polémica fazem sentido, porque a coisa fundamental para as pessoas envolvidas neste caso, é ter um projecto com análise económica, ver o mercado e o retorno.
Mas, para o economista, "o que levanta ainda mais problemas, é o período em que a dívida foi contraída, que era fim de mandato" do anterior governo e tudo isso".
Contudo, Ragendra de Sousa explicou que se se separar esta questão do fim de mandato, o que é necessário agora é voltar ao projecto do atum, ver os seus pressupostos, o que se pensava, avaliar os números "e olhar para a empresa se tem capacidade de cumprir comercialmente ou não".
Na análise desta questão, há o sentimento de que a Ematum não tem capacidade de pagar a sua dívida, e a questão que se coloca é o que é que deve fazer?.
Ragendra de Sousa diz que é preciso reformular, ir aos credores e procurar a renegociação da dívida. "Note que Moçambique só contraiu esta dívida comercial porque os mercados melhoraram a classificação do endividamento comercial. Foi possível só porque era B+. Se fosse C como éramos dantes, nós não tínhamos conseguido, mesmo que tivéssemos emitido bónus de dívida, ninguém nos ia comprar", salientou.