Críticos da governação da Frelimo dizem que embora em Moçambique se viva o que consideram uma fantochada de democracia, a estratégia de luta da Renamo contra os resultados eleitorais, não deve incluir o retorno à guerra, e consideram aceitável o boicote à tomada de posse dos deputados.
Tudo indica que o Conselho Constitucional vai validar os resultados das eleições de 15 de Outubro findo, que dão vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.
Há quem considere que tendo o Conselho Constitucional chumbado o recurso da oposição contra esses resultados, como forma de protesto, a Renamo poderá voltar às matas.
O académico Alberto Ferreira não defende a guerra, mas considera que a Renamo tem sido forçada a recorrer à via armada
Ferreira destacou que "eu nunca apoiei nenhuma via armada para reivindicar os direitos, embora tenha sido esta via que levou o Governo e a Renamo a negociarem, porque é impossível convencer uma ditadura a agir com justiça".
Entretanto, aquele académico não crê que "seja estratégia da Renamo, neste momento, voltar às matas. Que eu saiba é que serão usados todos os meios legais, embora a legalidade não seja credível no nosso país, porque a Renamo acredita que a paz veio para ficar".
Silenciar a oposição
Para Alberto Ferreira, a Frelimo "foi forçada ao multipartidarismo para conseguir um relacionamento, de que tinha sido proibido, com o ocidente, uma vez que estava na lista negra, e portanto, vamos continuar a viver numa fantochada de democracia".
Referiu que a Frelimo pretende mostrar "uma imagem, fora de Moçambique, de um país que realiza eleições regularmente, mas nós sabemos que existe um esforço muito grande não só de silenciar, mas reduzir a zero aquilo que é a oposição".
Por seu turno, o político Raúl Domingos, líder do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, destaca que "a Renamo tem de repensar a sua estratégia e evitar a fragilização", explicando que "a própria Renamo tem mea culpa nisso tudo o que está a acontecer".
Há quem defenda que a Renamo deve boicotar a tomada de posse dos seus deputados no Parlamento e nas assembleias provinciais. O assunto ainda não foi discutido no seio da Renamo, mas para Alberto Ferreira seria a melhor via de reivindicar os seus direitos.