O director da Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe, Silvério Amorim, foi suspenso nesta quarta-feira, 13, pelo Governo na sequência de denúncias de acusações de assédio sexual por um grupo de funcionárias e estagiárias.
A VOA teve acesso ao despacho do Governo que surge depois de um encontro ontem entre o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social e Novas Tecnologias, Wuando Castro, o secretário de Estado da Comunicação Social, três funcionárias e uma antiga estagiária da RN.
Todas acusaram Amorim de assédio sexual, uma prática que, dizem, vem de há algum tempo.
No seu despacho, o secretário de Estado Adelino Lucas diz que “a situação revela-se de “grande gravidade” depois de ter ouvido as alegadas vítimas do assédio sexual.
O caso veio ao publico através uma estagiária da instituição que resistiu ao assédio sexual do diretor da Rádio Nacional, Silvério Amorim e denunciou-o nas redes sociais.
“Pelo facto de não ter aceite as suas propostas, o senhor diretor expulsou-me do trabalho e há duas semanas que estou em casa. Eu tenho dois filhos”, diz a denunciante, afirmando ainda que não é a única vítima.
"Muitas outras funcionárias da Rádio também são assedias, mas preferem ficar caladas”, acrescenta a estagiária, que também revelou que o secretário de Estado da pasta já sabia do caso antes da denúncia nas redes sociais.
“Quando isto aconteceu comigo, eu fiz uma carta para o Secretário de Estado da Comunicação Social, mas não se tomou qualquer medida”, conclui.
A VOA não consegui contactar o acusado, mas Silvério Amorim reagiu na sua página no Facebook estar a ser alvo de uma "mega campanha de difamação".
“Esta estagiária foi influenciada por um grupo de pessoas bem identificas que pretendem denegrir a imagem do director da Rádio Nacional”, afirma Amorim.
Entretanto, para o analista político e presidente da Fundação Atena de São Tomé e Príncipe, Liberato Moniz, este caso é apenas uma ponta do iceberg.
Moniz encoraja mais mulheres a seguirem o exemplo da vítima que fez a denúncia.
“Tenho informações sobre muitos casos de assédio sexual no país, mas poucas são as mulheres que têm a coragem de enfrentar os seus superiores hierárquicos e denuncia-los”, afirma aquele analista lamentando as declarações do juiz do Tribunal Constitucional, Hilario Garrido, nas redes sociais, na sequência deste caso, que disse não haver crime
“Como é que um juiz pode vir ao público afirmar que isto não é crime, encorajando uma prática tão grave para a sociedade”, lamenta Moniz.
Na nota que suspende o director da Rádio Nacional, lê-se que “o Governo, através do Secretaria de Estado da Comunicação Social, decidiu mandar instaurar um processo de inquérito sobre o assunto junto da Inspecção-Geral da Administração Pública”.
Enquanto decorre o inquérito, o Executivo nomeou uma Comissão Directiva para gerir a rádio, presidida pelo jornalista Maximino Carlos.