O Governo de Moçambique virou, nos últimos meses virado, a sua diplomacia para o reforço da cooperação económica com os países que apoiam no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
Esta viragem é vista por alguns analistas como uma estratégia para compensar quem está com as "botas" no terreno porque, como se diz na gíria política "não há almoços grátis".
A chamada diplomacia económica tem apostado nos países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), o bloco regional em que está inserido.
Trata-se de uma estratégia que só neste ano já levou o Executivo de Filipe Nyusi a assinar diversos acordos de cooperação político-económico com a África do Sul, Malawi, Zimbabwe, Tanzania e o Botswana, onde o país abre as portas para revitalizar os laços em áreas que estavam adormecidas e estreitar outras onde não havia grandes relações.
A viragem para os países vizinhos é vista com cepticismo por parte de algumas correntes de opinião, que consideram poder haver um oportunismo de alguns governos que, por estarem a ajudar no combate ao terrorismo, pedem algo em troca.
"É uma questão que não se pode colocar de lado porque se formos a analisar friamente, facilmente veremos que Moçambique estava mais virado para o ocidente e outros quadrantes, enquanto que com os países vizinhos, as relações estavam presas ao passado e é normal que quem veio acudir neste momento de guerra, queira algo em troca", diz o analista político Albino Forquilha.
Por seu lado, o académico Gil Aníbal afirma que a situação não é completamente assim, mas que tudo faz parte de um plano do Executivo para colocar as suas potencialidades ao mercado regional.
"Isto faz parte da diplomacia económica do Presidente Filipe Nyusi com a região. Os produtos nacionais precisam de um mercado e é aí onde surge a aposta pela região", salienta Aníbal.
Ainda assim, aquele analista político reconhece que nada é de graça, pelo que quem tem as suas tropas no terreno pode querer algo em troca.
"Em diplomacia e geopolítica costuma-se dizer que não há jantares de graça. Naturalmente que, apesar dos países estarem integrados na plataforma da SAMIM, singularmente tem algum interesse em Moçambique e Moçambique para com esses países. Sabendo que há que priorizar quem o ajuda, naturalmente pode haver uma necessidade de gratificar quem ajuda a combater um mal que não é apenas nacional, mas de toda a região", conclui.
Refira-se que esta estratégia de Nyusi também tem-se estendido a outros países como o Ruanda, ao mesmo tempo que tem reforçado as suas relações com países como a França e os Estados Unidos.