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Dilma Rousseff vs Michel Temer, novos combates


Michel Temer e Dilma Rousseff, noite eleitoral de Outubro de 2014
Michel Temer e Dilma Rousseff, noite eleitoral de Outubro de 2014

Presidente chama vice de traidor e analista acredita que Temer pode garantir base na Câmara dos Deputados.

A crise política no Brasil conhece agora um confronto entre Dilma Rousseff e o seu vice-presidente Michel Temer que deve assumir o Governo, caso o Senado aprovar a abertura do processo de impugnação contra Rousseff.

Ao reagir à decisão da Câmara dos Deputados de enviar o processo ao Senado, a Presidente chamou Temer de traidor, no momento em que o vice-presidente se reunia com o líder do principal partido da oposição e candidato derrotado nas eleições de 2014 Aécio Neves.

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O verniz entre a Presidente e o vice-presidente estalou-se quando o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, do mesmo partido de Temer, aceitou o processo de impugnação contra Dilma Rousseff.

Nas últimas semanas antes da votação de domingo a situação piorou ao ponto de Michel Temer ter jogado todo o seu potencial político para que os deputados votassem a favor da impugnação.

No discurso, além de acusar de corrupto o presidente do órgão legislativo, sem citar nomes, Dilma Rousseff considerou Michel Temer um traidor.

“Acredito que é importante reconhecer que é extremamente inusitado, estranho e, sobretudo, estarrecedor, que um vice-presidente, no exercício do seu mandato, conspire contra a presidenta abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada porque a sociedade humana não gosta de traidores", disse a Presidente.

Por seu lado, o vice-presidente deu início ontem a encontros com diferentes personalidades com vista à formação do Governo caso Dilma Rousseff for suspensa pelo Senado.

Michel Temer manteve uma agenda apertada durante o dia e à noite jantou com o líder da oposição, Aécio Neves, candidato presidencial derrotado em 2014, e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

David Fleischer, professor Emérito da Universidade de Brasília
David Fleischer, professor Emérito da Universidade de Brasília

O professor emérito da Universidade de Brasília, no Instituto de Ciência Política, David Fleischer disse à VOA acreditar que o Senado vai aprovar a abertura do processo contra Rousseff e que Michel Temer “vai usar toda a sua experiência para montar uma boa equipa económica, porque o Brasil precisa desesperadamente de parar a crise económica”.

“Ele é um político muito bem articulado e fala muito bem, conhece muito bem o Congresso, depois de seis ou sete mandatos, e de ter dirigido a casa duas vezes”, lembra Fleischer, para quem Temer deverá ter apoio dos deputados porque “apenas quatro partidos apoiaram Dilma”.

Aquele professor alerta, no entanto, que o vice-presidente “teria de vender o seu programa económico como um sacrifício momentâneo para que o país volte a crescer, com austeridade fiscal.

A economia é, para Fleischer, a grande aposta do próximo Governo porque o Brasil tem de parar a recessão e voltar a crescer.

Quanto à eventualidade de Michel Temer também poder vir a sofrer um processo de impugnação, aquele especialista diz que o mesmo “não tem pernas para andar e que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, deverá deixar o parlamento após a posse de Temer, para tentar salvar o seu mandato”.

O Senado marcou para a próxima semana o início do debate sobre a abertura ou não do processo de impugnação da Presidente que caso for aprovado, afasta Dilma Rousseff do Palácio do Planalto até o máximo de seis meses.

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