Os advogados de defesa de alguns arguidos voltaram hoje a defender a tese da existência de motivações políticas por trás do processo em julgamento e pediram que fosse chamado ao tribunal o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, para esclarecer as nuances.
O pedido da convocação de Correia, um dos ministros muito próximos ao Presidente da República, Filipe Nyusi, foi feita por Isálcio Mahanjane, um dos advogados da defesa da família Guebuza.
A solicitação surge a propósito das declarações da antiga secretária particular do antigo Chefe de Estado, Armando Guebuza, que disse ter tomado conhecimento de que estava a ser investigada, no processo das dívidas ocultas, por via do ministro Celso Correia, numa altura em que o caso ainda estava sob segredo de justiça.
“Soube do processo numa conversa com o ministro Celso Correia. Ele foi quem me disse que eu era uma das pessoas investigadas e que, para mais detalhes, devia ter com o Presidente da República (Filipe Nyusi).
Para a equipa da defesa, estás declarações reforçam a tese que sempre defenderam de que há motivações políticas no caso.
“Este é um processo com altas motivações políticas e, face a estas declarações da arguida Maria Inês Moiane Dove, gostaríamos de requerer a audição do ministro Celso Correia pelo Tribunal” disse o causídico.
Maria Inês confirma encontros entre Guebuza e Boustany
A intenção de levar o ministro a declarar foi apoiada pela Ordem dos Advogados, mas o Juiz, Efigénio Baptista, nega, salientando que tudo o que leve a motivações políticas não será aceite na tenda do julgamento em curso.
Em resposta a perguntas levantadas pelo tribunal, a antiga secretária disse que o empresário libanês, Jean Boustany, apontado como o cérebro do projecto que lesou o Estado moçambicano em mais de 2.2 mil milhões de dólares, reuniu entre cinco a seis vezes com Armando Guebuza, no gabinete da presidência da República.
A arguida, cuja responsabilidade era, de entre outros aspectos, organizar a agenda é-nos encontros so Presidente da República, escusou-se de falar sobre o teor dos encontros, recorrendo a respostas como “não me recordo”.
Maria Inês é acusada de crimes de branqueamento de capitais, falsificação de documentos, abuso de confiança e associação para delinquir, que lhe valeram 750 mil euros do valor do calote.
A antiga secretária justificou a recepção do valor da Privinvest, por conta de um negócio de um terreno para a construção de um projecto imobiliário, que tinha acordado com Boustany.