As companhias petroliferas que operam na exploração de gás na província moçambicana de Cabo Delgado estão agora profundamente preocupadas com o alastramento da rebelião islâmica nessa província, disseram fontes ligadas a esse sector.
Isto na sequência de um ataque dos rebeldes contra a localidade de Mute situada a apenas 20 quilómetros da península de Afungi, o centro de um programa de investimentos de vários milhares de milhões de dólares para a construção de um programa de liquefação de gás das companhias francesa Total e americana Exxon Mobil.
Segundo notícias na impensa sul-africana o ataque levou a companhia francesa Total a suspender temporariamente trabalho de construção de infraestruturas desse complexo, algo que contudo não foi confirmado pela Total
A agência de notícias francesa AFP citou um porta-voz como tendo dito que a companhia “està a monitorizar de perto a situação em Cabo Delgado”.
“A segurança da força de trabalho e das actividades do projecto são a nossa prioridade absoluta”, disse o porta voz.
“A Total permanece em contacto permanente com as autoridades Moçambicanas sobre esta questão”, disse à AFP o porta voz da Total que recentemente assinou um acordo de segurança com Moçambique para a protecção do projecto através de uma força conjunta para a proteção do projecto mas cujos pormenores concretos nunca foram revelados.
A mesma agência de notícias citou uma fonte militar moçambicana na cidade de Palma como tendo dito que forças governamentais retomaram o controlo de Mute “após dois dias de intensos combates” embora fontes da indústria petrolífera tenham dido que que o ataque foi “uma ameaça de pequenas proporções”.
Contudo fontes sul-africanas disseram que a companhia privada militar sul africana ‘Dick Advisory Group” enviou helicópteros para apoiar as forças governamentais nos combates em Mute.
Alguns peritos militares dizem que a estratégia dos rebeldes parece ser agora de isolar totalmente a zona de exploração do gás, operando agora em 10 dos 17 distritos da província e segundo algumas notícias o conflicto já custou a vida a mais de 2.400 pessoas. Dezenas de milhar de pessoas já fugiram das zonas onde os rebeldes actuam com actos de particular violência que têm merecido condenação internacional
Os rebeldes controlam agora várias zonas costeiras, destruiram estâncias turisticas de luxo em ilhas da região e levaram a cabo operações no mar atacando barcos de transporte de mercadorias.
Os insurgentes controlam ainda o porto de Mocímboa da Praia e na semana finda continuavam a controlar a única via terrestre que ainda dá acesso a Palma, o distrito do megavprojecto de gás natural, depois de incendiarem duas viaturas durante um ataque, disseram à VOA nesta quinta-feira, 10, fontes locais.
Os ataques estão também a causar preocupação nos Estados Unidos que estão já envolvidos em combater rebeliões islâmicas na Somália e norte do Quénia.
Na semana passada o diplomata americano que coordena a luta contra o terrorismo, Nathan Sales, esteve no Maputo e depois deslocou-se à Arica do Sul para discutir a questão.
Sales disse posteriormente que a África do Sul tem “um papel especial a jogar” no combate à rebelião em Cabo Delgado.
Sales manifestou esperança que se possa encontrar uma “parceria” com Pretoria “para degradar e derrotar ameaças nesta parte do continente” mas não deu outros pormenores.