Moçambique vai observar mais trinta dias de estado de emergência por conta da pandemia da Covid-19, com o governo a implementar algumas medidas mais apertadas, como é o caso da criação de cordões sanitários para travar propagação da doença e a “limitação da circulação interna de pessoas”.
No período inicial do estado de emergência, apesar do cumprimento de boa parte das medidas decretadas, a preocupação foi para o facto de não ter reduzido a circulação de pessoas, o que levou o presidente da República, Filipe Nyusi, a apelar para que os moçambicanos fiquem em casa.
Nyusi disse que “muitos estudantes que deveriam estar nas suas casas continuam a movimentar-se sem propósitos específicos inadiáveis, quero por isso apelar aos pais e encarregados de edição para liderarem pelo exemplo ficando em casa, a não ser que tenham razões imperiosas para se fazerem à rua”.
“Apelo ao sector informal da nossa economia para uma maior consciência face ao coronavírus e que cumpram na íntegra as medidas em curso,” acrescentou Nyusi.
Apesar do número oficial de infectados continuar baixo, o primeiro mês do estado de emergência denotou várias lacunas, o que para o analista e jornalista Fernando Lima está relacionado com as características da população moçambicana e da capacidade da Governo.
“Isso é claramente explicitado pela forma como o primeiro decreto do estado de emergência foi implementado em que num determinando momento aplicaram-se algumas medidas e dois dias depois o Governo já fazia uma grande marcha atrás,” disse Lima.
Lima salientou que “Moçambique não tem a capacidade da África do Sul, que inclusivamente consegue estabelecer cesta básicas, apoios e subsídios monetários para pessoas em termos individuais; acho que só quando começarem a morrer muitas pessoas e as pessoas virem a morte próxima da sua porta é que vão pensar que a Covid -19 é um perigo para todas as famílias”.
Para os próximos dias, Moçambique terá que enfrentar grandes desafios por forma a controlar o alastramento do novo coronavírus que já infectou 76 pessoas.
Para Lima, se a curva da pandemia começar a progredir em espiral ascendente, o Governo terá duas opções: Entrar em colapso – “é isso é uma forte possibilidade, porque o nosso sistema nacional de saúde é muito fraco e com insuficiências gravíssimas” - ou torna-se violento e repreensivo tentando confinar as pessoas “à força”.
A última opção, disse Lima, “é uma receita explosiva, porque como muitas pessoas dizem o dilema para muitos e para um segmento importante da população moçambicana é ou morrer da pandemia ou morrer de fome”.