Os sindicatos moçambicanos estão preocupados com o impacto da Covid-19 no sector laboral, que pode ser alvo de medidas drásticas por parte do patronato.
Um estudo realizado pela Confederação das Associações Económicas (CTA) sobre o impacto do coronavírus no sector empresarial moçambicano aponta para perdas que podem atingir 375 milhões de dólares este ano.
O estudo baseado numa amostra de 118 empresas de todos os sectores traça dois cenários de impacto da Covid -19: O melhor, aponta impacto negativo durante três meses; e no cenário mais pessimista, o impacto terá a duração de seis meses.
O sector do turismo é apontado como o que será mais atingido, com prejuízos que, no melhor cenário, vão atingir 3,4 mil milhões de meticais; e no pior, 4.6 mil milhões.
O estudo sugere a adoção de um pacote de medidas com especial atenção para os sectores do turismo, transportes, indústria, agricultura e construção por serem os sectores mais afetados, onde defende a suspensão dos contratos de trabalho por seis meses prorrogáveis em função da evolução da pandemia.
Para os sindicatos, a proposta do patronato é uma espécie de veneno que vai precarizar ainda mais o sector laboral no país. Dizem que entendem o momento que o país e o mundo vivem, mas manifestam-se contra o radicalismo patronal.
O jurista Roque Gonçalves considera que a suspensão dos contratos de trabalho é uma medida legal, contudo, alerta para o impacto negativo que uma provável implementação pode trazer, sobretudo, para os trabalhadores, porque “nada garante que, terminado o estado de emergência, os trabalhadores voltariam todos ao sector laboral”.