17 Jan 2011 - Na Costa do Marfim adensam-se os receios de violência política. A crise eleitoral continua sem solução. Os dois candidatos às presidenciais de Novembro passado acusam-se mutuamente de serem um perigo para a segurança do país. É neste contexto que o mediador da União Africana, Raila Odinga, regressa a Abidjan.
O primeiro ministro do Quénia, Raila Odinga, chega a Abidjan, após uma visita à Nigéria, onde discutiu a situação marfinense com o Presidente Goodluck Jonathan, líder da CEDEAO, a Comunidade dos Estados da África Ocidental.
A CEDEAO ameaçou retirar pela força o presidente cessante da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, se este não aceitar a derrota nas eleições de Novembro e ceder o lugar ao presidente-eleito reconhecido internacionalmente, Alassane Ouattara.
Odinga diz regressar a Abidjan sem ideias pré-concebidas, salientando que a CEDEAO e a União Africana apostam numa solução pacífica para a crise. A força militar, disse, é uma solução de último recurso pois teria custaria a vida a pessoas inocentes e poderia afectar gravemente a economia do país.
A mediação da União Africana ainda não deu quaisquer resultados práticos. A da CEDEAO, incluindo uma missão que incorporava o presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, também não teve sucesso.
Gbagbo e Ouattara têm governos rivais em Abidjan e os líderes africanos rejeitaram a partilha do poder entre os dois, afirmando que Ouattara é o vencedor. Gbagbo reivindica vitória porque os seus aliados na Comissão Constiticional anularam número suficiente de votos em Ouattara, para lhe dar a ele uma maioria.
Ouattará disse à VOA que Gbagbo não está interessado na mediação internacional e que está apenas a empatar tempo para se rearmar.
"Empatar tempo permite-lhe comprar armas e munições, recrutar mercenários e organizar milícias para continuar a matar o povo marfinense. Ele pensa que isso é bom para ele, mas é muito mau para a Costa do Marfim e os marfinenses", afirmou Ouattara.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Gbagbo, Alcide Djedje, que a verdadeira ameaça à segurança nacional são os ex-rebeldes armados que apoiam Ouattara. E afirma que o seu governo tenciona manter o cerco ao hotel onde Ouattara está a viver, porque os seus 300 guardas armados não podem ser autorizados a movimentar-se livremente numa zona tão perto da residência de Gbagbo.
Quarta-feira, os chefes militares da CEDEAO têm mais uma reunião para discutir a situação na Costa do Marfim.