Analistas dizem que o uso indevido de dinheiro do Estado ocorrido no Consulado de Moçambique em Nelspruit, África do Sul resulta da falta de uma estratégia coerente de luta contra a corrupção no país.
Em comunicado, o Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) anunciou ter detido nove dos 48 arguidos constituídos no processo que investiga o uso indevido de dinheiro do Estado no Consulado de Moçambique em Nelspruit.
Trata-se de funcionários do Serviço Nacional de Migração (SENAMI) e das missões Diplomáticas e Consulares de Moçambique, na África do Sul, e terceiros sem vínculo com o Estado.
O jurista Francisco Lucas afirma serem vários e recorrentes os casos de corrupção envolvendo pessoal de embaixadas moçambicanas no exterior, em alguns casos incluindo os próprios embaixadores.
"Estamos recordados dos casos mais recentes das embaixadoras de Moçambique em Angola e nos Estados Unidos Unidos da América, sendo que esta última até foi condenada a 10 anos de prisão (...) mas como estes, existem muitos outros pelo mundo fora", anotou aquele jurista.
Na sua opinião, essas situações ocorrem porque "não estamos a levar muito a sério o combate à corrupção; que estratégias é que nós temos para combater este fenómeno", interrogou-se Francisco Lucas".
Para o escritor Laurindos Macuácua, o à vontade com que alguns moçambicanos se envolvem na corrupção é por saberem que nada ou muito pouco lhes vai acontecer, num país onde se fala do combate à corrupção, mas sem nada de concreto a acontecer no terreno.
Macuácua é também da opinião de que aquilo que se passou no consulado moçambicano em Nelspruit, pode acontecer noutras embaixadas.
Por seu turno, o jurista Baltazar Fael, do Centro de Integridade Pública, disse que enquanto não se fizerem auditorias às instituições públicas e se implementarem medidas mais arrojadas, o combate à corrupção vai ser sempre muito difícil.