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Conselho dos Direitos do Homem da ONU lança investigação sobre abusos no Leste da RDC


Um soldado do M23 está em cima de uma carrinha enquanto os residentes se reúnem às portas do Stade de l'Unite' (Estádio da Unidade) em Goma, a 6 de fevereiro de 2025, antes de uma reunião agendada pelo grupo armado.
Um soldado do M23 está em cima de uma carrinha enquanto os residentes se reúnem às portas do Stade de l'Unite' (Estádio da Unidade) em Goma, a 6 de fevereiro de 2025, antes de uma reunião agendada pelo grupo armado.

O Ruanda rejeitou a responsabilidade e avisou que ele próprio estava em risco de ser atacado pelo seu vizinho.

O chefe das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Volker Turk, afirmou na sexta-feira, 7, estar profundamente perturbado com a escalada da crise no leste da República Democrática do Congo (RDC), apelando a todos os que têm influência para ajudarem a travar a violência e alertando para o risco de esta se propagar para além das fronteiras do país.

“Se nada for feito, é possível que o pior ainda esteja para vir para a população do leste da RDC, mas também para além das fronteiras da RDC”, disse Turk numa reunião de emergência do Conselho dos Direitos Humanos, com sede em Genebra.

O Conselho dos Direitos do Homem da ONU, que engloba os 47 Estados membros, decidiu lançar uma investigação sobre as alegadas violações e abusos cometidos durante os confrontos mortais que assolam o leste da RDC. Segundo Turk, "desde 26 de janeiro, cerca de 3.000 pessoas foram mortas e 2.880 ficaram feridas". O membro da ONU frisou que os números reais serão "muito mais elevados".

ONU apela ao fim do conflito na RDC onde a crise humanitária se agrava
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"Estou horrorizado com o alastramento da violência sexual, que tem sido uma caraterística terrível deste conflito desde há muito tempo. É provável que esta situação se agrave nas actuais circunstâncias”.

O órgão máximo das Nações Unidas para os direitos humanos adoptou uma resolução que insta os combatentes do M23 a retirarem imediatamente das áreas ocupadas e que dá início a uma investigação. Mais de 77 organizações de defesa dos direitos humanos, entre as quais a Human Rights Watch, publicaram uma carta conjunta apelando igualmente à realização de um inquérito internacional.

“É urgente exercer pressão internacional para que o Ruanda cesse o seu apoio aos grupos armados e se retire do território congolês o mais rapidamente possível”, afirmou o Ministro da Comunicação do Congo, Patrick Muyaya, perante a sala de reuniões lotada.

O embaixador francês Jérôme Bonnafont declarou que "a violação em grupo de [mais de 200] mulheres na prisão de Goma, a 27 de janeiro, se confirmada, é suscetível de constituir um crime de guerra, tal como a morte de três soldados da paz da Monusco, que devem poder cumprir a sua missão de proteção dos civis". "Estes crimes não podem ficar impunes”, sublinhou.

O Ruanda rejeitou a responsabilidade e avisou que ele próprio estava em risco de ser atacado pelo seu vizinho.

“Opomo-nos categoricamente às tentativas da RDC de apresentar o Ruanda como responsável pela sua instabilidade no leste da RDC. Trata-se de uma tática de desvio bem conhecida, utilizada para escapar à responsabilização pelas atrocidades que Kinshasa e o grupo armado seu aliado estão a infligir aos seus próprios cidadãos.”, afirmou James Ngango, embaixador do Ruanda nas Nações Unidas em Genebra.

A comunidade internacional e os países mediadores, como Angola e o Quénia, estão a tentar encontrar uma solução diplomática para a crise, temendo uma conflagração regional. Kinshasa está a pedir sanções contra Kigali.

A sessão de urgência foi solicitada pela própria República Democrática do Congo, com o apoio de cerca de 30 dos 47 países membros do Conselho, incluindo a Bélgica e a França.

c/ Reuters e AFP

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