Numa carta pastoral divulgada nesta quarta-feira, 25, o Conselho Anglicano de Moçambique apela a Comissão Nacional de Eleições (CNE), em especial o seu presidente, bispo Dom Carlos Matsinhe, e o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) a respeitarem a lei eleitoral e a prática da verdade porque os moçambicanos esperam honestidade, integridade, transparência, respeito e a verdade dos gestores do processo eleitoral.
“À Comissão Nacional de Eleições, especialmente ao Bispo Dom Carlos Matsinhe, e ao STAE, o Conselho Anglicano de Moçambique apela para a observância da lei eleitoral e a prática da verdade. O povo moçambicano, os eleitores esperam de vós a honestidade, integridade, transparência, respeito e a verdade. Jesus Cristo exorta a humanidade para conhecer a verdade dizendo que a verdade vos libertará (Ev.Joao 8.32)”, diz a carta assinada pelo Dom Vicente Msosa, na qualidade de Vice-Presidente do Conselho Anglicano de Moçambique.
O máximo órgão deliberativo da Igreja Anglicana, com forte tradição e implementação em Moçambique, lamenta as eventuais falhas de gestão eleitoral e de eventuais interferências de outros órgãos fora do processo eleitoral e apela os partidos políticos, a observarem a lei eleitoral e a fazerem "uso das instituições de justiça nos casos que considerem de injustiçados ou ilegalidades".
"Vos exortamos a tudo fazerem para a preservação da paz e tudo quanto fazem lembrados de que bem aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus. (S.Mateus 5.9)", continua a carta pastoral que disse "clarificar" que "a CNE é um órgão do Estado e não de qualquer religião ou igreja, incluindo a Anglicana”.
Ante situações descritas como sendo de irregularidades no processo eleitoral, associadas a manifestações e protestos políticos, o Conselho Anglicano de Moçambique conclui que tais situações "consubstanciam para a sociedade um cenário triste e preocupante para o país e para o mundo que almeja ser onde Deus é o Senhor”.
Quase duas semanas depois das eleições autárquicas, vários recursos continuam nos tribunais moçambicanos, depois dos resultados intermédios divulgados terem dado a vitória à Frelimo em 64 dos 65 municípios, com o MDM a ficar com a cidade da Beira.
Ontem, o Conselho Constitucional anulou a decisão do tribunal que tinha mandado repetir a eleição no distrito de Chókwè, em Gaza, e rejeitou o recurso da Comissão Distrital de Eleições sobre a anulação, pelo Tribunal Distrital de Nhlamankulu, de todos atos eleitorais em 64 assembleias de voto da capital moçambicana.
O órgão determinou que o acórdão sobre a legalidade da decisão do tribunal de anular os atos eleitorais nas assembleias de voto será alvo de análise em processo próprio.
As plataformas de observação eleitoral Mais Integridade e Sala da Paz emitiram seus relatórios dizendo que as eleições não foram nem justas nem transparentes e denunciaram muitas irregularidades.
A Frelimo confirmou a sua vitória e disse respeitar as decisões judiciais.
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