A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) de Moçambique pediu o acesso incondicional de entidades nacionais e internacionais aos locais onde existem denúncias de corpos abandonados.
Em conferência nesta quinta-feira, 5, em Maputo, o presidente daquele instituição pública Custódio Duma classificou de "grave e preocupante" a existência de corpos abandonados no centro do país e advertiu que Governo deve "criar condições necessárias para que seja realizada uma investigação séria, independente e transparente nos locais mencionados, quer seja por entidades da sociedade civil, religiosas ou instituições de direitos humanos".
O caso, disse Duma, "está a criar interesse, não só em Moçambique, mas também fora".
Ontem, 4,o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Ohchr, em inglês) disse à VOA por email estar em contacto com as autoridades moçambicanas depois de ter recebido alegações sobre uma vala comum em Gorongosa.
“Temos, de facto, recebido alegações sobre uma vala comum na Gorongosa, no entanto, ainda não pudemos verificar essas alegações por falta de acesso ao local”, disse aquele órgão com sede em Genebra que solicitou o acesso à área onde foi denunciada a existência da vala comum.
Denúncias e desmentidos
A denúncia da existência de uma vala comum na zona 76, no posto administrativo de Canda, interior da Gorongosa, foi feita por camponeses na quarta-feira, 27.
As mesmas fontes disseram que vários corpos, alguns já em ossadas, estavam estatelados numa antiga escavação a céu aberto, de onde se extraía saibro para as obras de reabilitação da N1, a principal estrada de Moçambique.
Na sexta-feira, 29, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) Inácio Dina afirmou ter enviado uma equipa ao local que não encontrou qualquer vala comum.
No fim de semana, um grupo de quatro jornalistas deslocaram-se ao local mas não conseguiram chegar à zona indicada pelos camponeses por estar bloqueada por forças da polícia e da segurança.
Entretanto, os repórteres encontraram e fotografaram cerca de 15 corpos já em decomposição nas imediações do local.
Uma equipa do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) também deslocou-se ao local e, de acordo como seu presidente Daviz Simango, não conseguiu chegar ao local devido à forte presença policial e militar.
Simango, que disse ter ficado chocado com as fotos, pediu uma investigação às denúncias.
Ontem, 3, a PRM voltou a dizer não ter encontrado qualquer vala comum, mas continua a bloquear o acesso ao local.
A imprensa moçambicana relata nesta quinta-feira, 5, mais corpos que terão sido encontrados próximos do local denunciado por camponeses.