O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) Daviz Simango disse ter ficado chocado com as imagens do corpos deixados ao abandono junto da Nacional 1 (N1), a principal estrada do país, e perto do local onde camponeses da região alegam ter visto mais de 100 cadáveres numa vala comum.
Na sexta-feira, a polícia tinha afirmado não ter descoberto nenhuma vala comum, mas tanto dirigentes do MDM como jornalistas que tentaram chegar ao local confirmam ter encontrado vários corpos em avançado estado de decomposição.
"Vi as imagens e são chocantes", declarou Daviz Simango, líder do Movimento democrático de Moçambique, MDM.
Segundo a rádio portuguesa RDP, Simango revelou que uma equipa do MDM seguira para a Gorongosa, mas não conseguira chegar ao local, "porque está tudo cercado por militares e é preciso muita coragem para circular ali".
Os elementos do partido, descreveram "um cheiro terrível" junto da estrada, prosseguiu o líder partidário, acrescentando não ter "a mínima dúvida" da existência da vala comum na região e suspeitando que possam existir outras por revelar.
Agora “a grande questão que se coloca é saber quem matou aquelas pessoas” acrescentou o líder do segundo partido da posição e presidente do município da Beira, capital de Sofala.
Simango exige que seja levado a cabo uma investigação aos factos, tanto por parte do Parlamento como do Ministério Público.
Daviz Simango lamentou ainda os desmentidos das autoridades locais e agora, frisa, quer ouvir mais explicações porque questiona: "Se desmentem e não têm culpa no cartório, então porque desmentem?"
Na última sexta-feira, 29 de Abril, a Polícia de Moçambique disse não ter encontrado nenhuma vala comum com corpos humanos e não ter identificado alguém que tivesse denunciado a situação.
A declaração foi feita em Maputo pelo porta-voz da polícia Inácio Dina, que, na ocasião, apelou aos órgãos de comunicação social que colaborem na identificação do lugar “para que em conjunto e de forma específica possamos esclarecer esta informação, que preocupa os moçambicanos que vivem em cada canto deste país”.
Por outro lado, o administrador da Gorongosa Manuel Jamaca, num comunicado citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), afirma que uma equipa do Governo distrital foi enviada ao local, na zona 76, posto administrativo de Canda, mas não encontrou a referida vala comum, que, segundo os camponeses, terá mais de 100 cadáveres.
Entretanto, no fim de semana, um grupo de quatro jornalistas deslocou-se à área e, apesar de não ter conseguido chegar ao lugar indicado pelos camponeses devido à forte presença militar, viu e fotografou cerca de 15 corpos em estado avançado de decomposição.
As fotos foram divulgados pela imprensa nacional e internacional.