Centenas de pessoas formaram fila na praça do município, no centro da cidade da Beira e noutros vários bairros da urbe, para deixar uma mensagem e assinar o livro de condolências em memória de Daviz Simango, o autarca local que morreu por doença num hospital privado na África do Sul na segunda-feira, 22.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força política moçambicana, que Daviz Simango fundou em 2009, após romper com a Renamo disponibilizou livros de condolências na Beira, o bastião do partido e, em várias cidades moçambicanas para “mensagens de conforto e solidariedade”.
Na praça do município, adjacente ao gabinete do autarca, o local que assistiu à maior afluência para a assinatura do livro de condolências, vários munícipes qualificaram Daviz Simango como o “resgatador da dignidade” da cidade e “defensor da democracia desarmada” de Moçambique.
“A cidade estava fora do normal quando Daviz Simango a assumiu e em poucos anos erradicou o fecalismo a céu aberto e a cólera e introduziu uma cultura e postura da cidade que temos hoje. Ele resgatou a nossa dignidade”, disse Raimundo Mulope, após assinar o livro de condolências do seu “herói”.
Mulope, à semelhança de outros munícipes receia o desvirtuamento da gestão municipal e o recuo no avanço até agora alcançado, por isso apela que os próximos gestores sejam decisivos no cumprimento do plano municipal e dos ideais de Daviz Simango.
“O próximo edil devia ser forte para permanecer a marca de Daviz Simango, sabemos que não vai chegar no seu carisma, mas que deia continuidade com a mesma visibilidade e transparência da gestão da coisa publica” frisou Simão Massinga, morador da Munhava.
Para muitos entrevistados, a morte de Daviz Simango estremece a democracia moçambicana, visto que o autarca, “lutava para uma democracia genuína” e não de obediência as “armas”.
“O Daviz era o pilar e nós esperamos que o seu conjunto (equipa) pegasse o programa quinquenal para que Beira continue a Beira que queremos. Estamos num nível em que quase ninguém reclama, e gostaríamos que haja a mesma gestão”. disse Manuel Jofrisse.
Estátua para Daviz Simango
Entretanto, os munícipes da Beira defendem que a cidade deve agora entrar numa corrente de acções para imortalizar a obra de Daviz Simango, incluindo a edificação de uma estátua em seu memorial e garantir que a cidade não regride em todas as vertentes.
“Na cidade da Beira deveria existir uma estátua com o nome Daviz Simango, em sua homenagem e quem for a dar continuidade o seu trabalho seguir bem os seus passos, e não deixar que os problemas políticos que ele sabia bem gerir afetem a cidade e província”, defende Simão Massinga.
Outro munícipe, Alfredo Mateus observa que se “deixarmos a cidade partir para trás significa que não estaremos a imortalizar o trabalho de Daviz Simango e não éramos escudos, para a defesa da nossa dignidade”.
A urna com o corpo do autarca chega à cidade da Beira ao meio-dia desta quinta-feira, 25, para a cerimónia de estado, segundo fontes familiares e partidárias.
A data do funeral ainda não é conhecida.