Centenas de pessoas participaram esta sexta-feira, 13, em Maputo, numa marcha pelo fim da violência contra as mulheres e raparigas em Moçambique, que, segundo organizações da sociedade civil, tende a assumir contornos alarmantes.
A marcha, que percorreu algumas artérias da capital moçambicana, até à Praça da Paz, marcou o final de uma iniciativa denominada "16 dias de activismo pelo fim da violência", que vinha decorrendo desde 25 de Novembro.
Em 2018, de acordo com dados oficiais, Moçambique registou cerca de 25 mil casos de violência doméstica, 12 mil dos quais contra mulheres.
As autoridades policiais dizem-se preocupadas com o aumento de casos de violência, sobretudo da violência física grave, principalmente pelos meios usados.
Lurdes Mabunda, do Gabinete de Atendimento às Vítimas da Violência no Ministério do Interior, afirmou que em muitos casos as pessoas "usam catanas, enxadas e outros instrumentos contundentes para se violentarem, como forma de resolver problemas",
O Fórum Mulher, que organizou a iniciativa "16 dias de activismo" também está preocupada com o aumento do número de casos de violência, mas principalmente contra as raparigas que são assediadas nas escolas.
Para a organização, "há raparigas que são colocadas numa situação de terem que satisfazer determinadas pretensões dos seus professores, para puderem passar de classe".
Entretanto, a jurista Ivete Mafundja entende que em Moçambique, a violência doméstica é quase cultural, mas, tem de ser combatida e lembra que existe uma lei criminal que trata o tema.
"Claramente que a lei não é perfeita, mas existe. Então, o que deve ser feito é ver a possibilidade de melhorá-la, para que todas as questões estejam lá inclusas e se acabe com a violência", defende a jurista.
Várias mulheres violentadas física e/ou psicologicamente pelos seus parceiros procuram aconselhamento junto da organização Mulher, Lei e Desenvolvimento (MULEID), e Maria Luisa, daquela organização, diz que "as queixas são apresentadas quase diariamente".
Para a ministra do Género, Criança e Acção Social, Cidália Chaúque, nenhum caso de violência deve ser tolerado.