O vice-presidente da CASA CE Manuel Fernandes lamentou que não houvesse um acordo para o envio de observadores da União Europeia às eleições deste mês, afirmando que isso dá a entender que as autoridades têm algo a esconder.
“Não ser porque há este receio já que quem não deve não teme”, disse este dirigente da CASA CE.
Manuel Fernandes comentava à Voz da América a notícia de que a União Europeia não vai enviar observadores às eleições mas apenas “quatro peritos”.
Em Maio do corrente ano, a delegação da União Europeia em Angola
reiterou a sua disposição para apoiar a Comissão Nacional Eleitoral
no fortalecimento da sua capacidade institucional e na realização do
trabalho com os partidos políticos e demais actores relevantes,
manifestando igualmente a sua disponibilidade em enviar uma missão
para observar as eleições.
Na última semana informações postas a circular em Luanda
confirmavam, que definitivamente os observadores da União Europeia não podem vir para Angola.
Em causa está o facto das autoridades angolanas terem rejeitado fazer
acordos específicos com organizações convidadas para observar as
eleições, tendo igualmente rejeitado assinar um memorando de entendimento com a União Europeia.
Uma nota de imprensa do Ministério das Relações Exteriores informou
esta semana que Angola contará com quatro técnicos vindos da União
Europeia para a observação do processo eleitoral, contrariando a
presença de observadores de facto.
A nota sublinha não haver desentendimento nem conflito com a União
Europeia, no que toca à observação do processo eleitoral,
acrescentando que a União Europeia vai enviar quatro técnicos para
participarem do processo e, eventualmente, propor ou aconselhar aquilo
que acharem necessário.
A porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral, Júlia Ferreira, disse que
a instituição que representa aguarda, apenas pelo envio da
documentação dos observadores, sobretudo dos representantes da União
Europeia.
Mas o vice presidente da CASA CE disse que esses quatro técnicos “não vão poder fazer uma observação de facto” e que poderão apenas “ver o que convém”.
“Para nós isto acontece porque alguma coisa não vai bem”, acrescentou afirmando não compreender a “alergia” das autoridades á presença de uma missão de observadores da EU.
“Quatro pessoas vão fiscalizar o quê?” interrogou.
“Como angolano sinto-me envergonhado com esta postura”, acrescentou.
O director para África, Médio oriente e Organizações Regionais do Ministério das Relações Exteriores angolano, Joaquim Espirito Santo, disse anteriormente que as exigências da EU par ao envio de uma equipa de observadores chocam com a lei eleitoral angolana.
"Angola não é parte da União Europeia. A UE é um parceiro importante, logo, não podíamos conceber isso, fazer exigências sobre a sua participação na observação do processo eleitoral em Angola ", disse Espirito Santo. Para quem os únicos compromissos de Angola em matéria de observações eleitoral são com entidades regionais como a União Africana e a SADC.
O vice presidente da CASA descreveu essas organizações como “um clube de amigos”
Na nossa reportagem ouvimos também a porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral, Júlia Ferreira, e o politólogo, Alberto Cafussa.