Negociadores americanos e israelitas são esperados no Cairo neste sábado, 6, para uma nova ronda de conversações na expetativa de que se possa chegar a um acordo de cessar-fogo em troca da libertação de reféns e eventualmente pôr fim a uma guerra que já dura quase seis anos.
Antes das negociações, o Presidente dos EUA escreveu aos líderes do Egito e do Qatar instando-os a aumentar a pressão sobre o Hamas para "concordar e cumprir um acordo", disse um alto funcionário da Administração dos Estados Unidos à AFP na sexta-feira.
Os Estados Unidos, o Qatar e o Egito têm estado envolvidos durante meses em conversações nos bastidores para mediar um cessar-fogo e uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos, mas não têm havido progressos desde uma trégua de uma semana em Novembro.
A Casa Branca confirmou que as negociações devem ocorrer neste fim-de-semana no Cairo, mas não quis comentar as informações da imprensa norte-americana de que o diretor da Agência de Inteligência Americana (CIA), Bill Burns, estará presente, juntamente com o chefe da espionagem de Israel, David Barnea, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe da inteligência do Egito, Abbas Kamel.
Israel e o Hamas, que negoceiam através de intermediários, responsabilizam-se mutuamente pela falta de acordo.
“Este fato básico permanece verdadeiro: hoje haveria um cessar-fogo em Gaza se o Hamas simplesmente tivesse concordado em libertar reféns vulneráveis, como doentes, feridos, idosos e mulheres jovens”, acrescentou a mesma fonte da Administração Biden.
Pressões sobre as partes
Autoridades do Hamas e o mediador do Qatar, al-Thani, já acusaram Israel de frustrar a trégua com objeções sobre o retorno de civis deslocados de Gaza e a proporção de prisioneiros por reféns.
Nuam conversa telefónica com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na quinta-feira, 4, Biden pressionou-o a “capacitar totalmente” seus negociadores para chegar a um acordo.
Apoiante convicto de Israel, a paciência de Biden com o imenso custo infligido pela guerra a Gaza parece estar a diminuir, especialmente após o assassinato de sete trabalhadores da organização de ajuda humanitária World Central Kitchen (WCK).
Com a crescente indignação internacional e nacional, Biden alertou para uma reavaliação do apoio dos EUA se Telavive não fizer mais para proteger os civis.
Ataque ao World Central Kitchen
Na sexta-feira, mais de três dezenas de congressistas americanos enviaram uma carta ao Presidente instando-o a reconsiderar a “recente decisão de autorizar a transferência de um novo pacote de armas para Israel e a reter esta e quaisquer futuras transferências ofensivas de armas até uma investigação completa sobre o ataque aéreo estiver concluída”.
Entretanto, também na sexta-feira, o exército israelita informou que um inquérito feito ao assassinato de sete trabalhadores humanitários num ataque aéreo em Gaza nesta semana encontrou erros graves e violações de procedimentos por parte dos militares, o que resultou na demissão de dois oficiais e na repreensão formal de comandantes superiores
A investigação concluiu que as forças israelitas acreditaram erradamente que estavam a atacar homens armados do Hamas quando ataques de drones atingiram os três veículos do grupo de ajuda WCK na noite de segunda-feira, 1, e que "os procedimentos padrão foram violados".
“O ataque aos veículos de ajuda é um erro grave decorrente de uma falha grave devido a uma identificação errada, erros na tomada de decisões e um ataque contrário aos Procedimentos Operacionais Padrão”, disseram os militares num comunicado divulgado esta sexta-feira.
A WCK pediu uma investigação independente por considerar que não se pode confiar num inquérito feito por Israel à atuação das suas forças.
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