O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz-se satisfeito com os ganhos de Moçambique nos encontros que teve, esta semana, na França, nomeadamente, no que diz respeito às questões mais concretas de segurança em Cabo Delgado e da retomada do projecto de exploração de gás natural em Afungi, liderado pela Total.
Mas, não tendo sido tornados públicos pormenores de tais encontros, na sociedade civil moçambicana paira algum cepticismo.
O jornalista Fernando Lima diz-se cauteloso relativamente aos resultados alcançados pelo estadista moçambicano na sua deslocação à França, "porque todas as declarações, à excepção das declarações de Moçambique, são muito cautelosas; há uma vaga promessa de retoma sem qualquer prazo, quer da Techniq, quer da Total, e, portanto, é importante saber esses pormenores".
Opinião contrária tem o pesquisador Borges Nhamirre, que entende que Filipe Nyusi ia buscar duas coisas específicas à França: Apoio ao combate à insurgência, mas nos termos em que Moçambique quer e não nos termos em que os parceiros pretendem; e garantias da continuidade da Total no projecto de gás.
Condicionalismos
"Ele volta com essas garantias que, entretanto, vêm com condicionalismos. No diz respeito ao apoio à luta contra a insurgência, eu penso que os franceses vão dar todo o apoio, mas vão querer colocar os seus homens em Moçambique, porque eles próprios, precisam de compreender a insurgência para poder combatê-la", disse Nhamirre.
Nhamirre realçou que "não há uma total confiança entre o Governo de Moçambique e o Governo da França, pelo que os franceses vão pretender colocar cá os seus homens para tentar compreender as dinâmicas da insurgência, e é precisamente isso que Moçambique não quer".
Em relação à Total, Nhamirre disse que "o presidente (Nyusi) volta com a garantia de que a companhia só retoma os seus trabalhos, quando estiverem criadas as condições de segurança".