As Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique, com o apoio de militares privados sul-africanos da Dyck Advisory Group (DAG) que lideraram o contra-ataque contra os insurgentes, afirmam ter recuperado a vila de Mocímboa da Praia no início da noite de domingo, 28, quase dois dias após a reocupação de insurgentes.
A VOA sabe que entre as vítimas do lado governamental, o capitão de mar e guerra FZ Charles morreu na madrugada de domingo em combate.
A informação foi confirmada numa reunião do Estado Maior da Marinha.
O grupo expulsou os insurgentes que tinham ocupado pela quarta vez a vila de Mocímboa da Praia, após atingir, por ar e por terra, dois esconderijos – um armazém e uma mesquita -, no centro da vila, de onde era dirigida a violenta ofensiva contra a sede distrital com um importante porto e aeroporto no norte da província de Cabo Delegado.
“Já foi recuperada, já foi recuperada após uma renhida batalha”, disse à VOA uma fonte militar a partir de Pemba no início da tarde desta segunda-feira, 29, que revelou haver muitas baixas por parte dos insurgentes.
Num vídeo posto a circular nas redes sociais, um grupo de militares estatais junta numa tenda militar verde, com múltiplas perfurações de balas, cinco corpos de supostos insurgentes, todos vestidos com a farda oficial do exército.
Combates
No mesmo vídeo, um militar do exército moçambicano identifica um dos supostos insurgentes abatidos como um comandante do Grupo Operativo Especial (GOE), uma força especial de elite, que supostamente se tinha juntado aos insurgentes, localmente conhecidos por al-Shaabab e al Sunnah wa Jama'ah (ASWJ).
Num outro vídeo, supostamente filmado na tarde de domingo, um comandante do exército ordena uma “vasculha” rigorosa na área para evitar que os insurgentes recuperem os feridos e outros corpos abatidos no combate, e elogia a força pelo contra-ataque.
O jornal sul-africano Daily Maverick escreve que helicópteros pilotados pela DAG retaliaram com fogo várias horas depois que os insurgentes lançaram uma ofensiva multifacetada na vila de Mocímboa da Praia cerca das 4 horas da manhã de sábado.
A demora na resposta deveu-se à densa neblina matinal no teatro das operações.
Ao citar uma fonte militar, a publicação avança que dois Gazelles e o helicóptero Bell 407 dispararam “diretamente na área construída da cidade para expulsar os insurgentes” e que “houve um tiroteio curto e preciso, no ar e terra”.
O corte das comunicações na área devido aos ataques dificultam ter um balanço mais preciso dos danos provocados por este ataque.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que partilha relatos de religiosas que descrevem situação preocupante em Cabo Delgado, mostrou-se preocupada com a situação que se vive em Mocímboa da Praia, alertando que “desde a madrugada de sábado que grupos fortemente armados” atacaram a região, “causando o pânico e levando à fuga das populações”.
Uma fonte local disse à VOA que várias embarcações precárias continuavam a atracar em Pemba no início da manhã desta segunda-feira, trazendo dezenas de deslocados da insurgência no norte de Cabo Delegado.
A 23 de março os insurgentes ocuparam por quase uma semana a vila sede de Mocímboa da Praia, onde iniciaram os ataques de insurgentes em outubro de 2017.