Correntes de opinião consideram surpreendente a forma tranquila e ordeira como a Renamo está a conduzir o debate sobre a liderança partidária, porque acreditava-se que com a morte de Afonso Dhlakama, o partido entraria numa crise de sucessão.
A maior parte dos partidos políticos moçambicanos não parece ter estratégias claras para a sucessão das lideranças, havendo o receio de que isso possa provocar momentos de conflito e de incerteza sobre a situação desses partidos.
O analista Fernando Lima diz que apesar de Afonso Dhlakama não ter permitido a emergência de novas figuras que pudessem assumir a gestão do partido na transição, a Renamo está a gerir este processo com algum sucesso.
Gestor do grupo privado de comunicação Mediacoop, proprietário do semanário Savana, Lima sublinha que no lugar de conflitos, o que se assiste na Renamo é uma transição tranquila, enaltecendo o papel de Ossufo Momade, que do seu ponto de vista, terá contribuido muito para a vitória do partido em Nampula, nas eleições municipais de Outubro passado.
A mesma opinião tem o pesquisador Tomás Vieira Mário, para quem havia muita gente que acreditava que a Renamo iria desaparecer, após a morte do seu líder carismático, cuja liderança impedia o desenvolvimento institucional, porque Dhlakama assumia o protagonismo.
Segundo Mário, também foi tranquila a forma como Ossufo Momade foi indicado para coordenar interinamente, a Renamo.
Tanto para Mário quanto Lima, dos candidatos que no congresso de Janeiro vão concorrer para a sucessão de Afonso Dhlakama, Ossufo Momade é aquele que pode fazer com que a Renamo tenha um bom desempenho nas eleições do próximo ano em Moçambique.
Tal deve-se, em parte, ao convivio com Afonso Dhlakama e pertencer à etnia macua, bastante numerosa na zona norte de Moçambique.
O lider do Partido Independente de Moçambique, Yaqub Sibindy, que nas recentes eleições autárquicas apoiou a Renamo, também diz-se satisfeito com a forma como está a decorrer o debate sobre a liderança, e considera Ossufo Momade a pessoa certa para substituir Afonso Dhlakama.
Mas para Francisca Sitoi, membro da Renamo, a pessoa mais indicada para assumir a liderança da Renamo é Elias Dhlakama.
O analista Almiro Menino acrescenta neste debate que Raúl Domingos, que foi expulso da Renamo por Afonso Dhlakama, é uma carta que ainda não está fora do baralho.
No entanto, Sibindy defende que a Renamo deve criar uma comissão de líderes para ajudar o futuro presidente do partido, porque só Afonso Dhlakama é que tinha a capacidade de dirigir sozinho os destinos da Renamo.
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