O ano de 2017, hoje termina, e os brasileiros continuam em dificuldades. São mais de 12,7 milhões de desempregados no país, de acordo com o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Actualmente, é comum visualizar pessoas desocupadas nos grandes centros urbanos ou em busca pelo menos de um trabalho informal. Economistas estimam que essa situação permanecerá no próximo ano, que será marcado pelas eleições presidenciais.
Os sinais de retomada do crescimento não são tão animadores, explica o economista Paulo César Feitosa.
“A economia brasileira pelas forças de mercado e pelas forças reais da atividade econômica apresenta uma tendência de recuperação devido às recentes medidas tomadas pelo governo Temer. Entretanto, a recuperação via aumento de consumo é lenta e não é sustentada. Vemos que a economia brasileira com este pequeno estímulo de consumo não foi capaz de partir para aquilo que é de fato o que sustenta o crescimento que são as decisões empresariais de investimento”, disse.
O especialista acredita que 2018 também será um ano difícil para a economia brasileira por causa da possível influência de eventos extraordinários, por exemplo, a Copa do Mundo da Rússia, além do processo eleitoral em Outubro.
“Por outro lado, o governo com sua política de corte de gastos também não está fazendo investimentos. Devemos lembrar que o investimento do sector privado depende do ambiente econômico e como ano que vem o cenário será muito influenciado pelas questões da política eleitoral além de fatores externos, por exemplo, a Copa do Mundo da Rússia, também podem vir a afetar a economia do país. Podemos esperar que ela deve continuar avançando a passos muito lento e há um risco de o PIB novamente ficar inferior a meio por cento”, ressaltou.
Em relação ao mercado de trabalho, Feitosa vê um crescimento do trabalho informal.
“Está havendo uma certa melhoria no emprego, mas informal. Milhares hoje buscam subemprego para garantir alguma renda, mas é muito aquém daquilo que gostaríamos”, ponderou.
Protagonismo do legislativo
Na política, mais um ano turbulento e de reprovações ao Governo Michel Temer. Os brasileiros condenam as reformas Trabalhista e da Previdência. O ano de 2017 está marcado pelo protagonismo do legislativo, diz o Cientista Político Paulo Diniz.
“Este ano está marcado na política pelo protagonismo do poder legislativo, algo incomum pois aqui tem sido habitual predominar o poder executivo. No Congresso tivemos importantes discussões como as denúncias contra o Presidente Temer, as reformas trabalhista, política e da previdência. Muita coisa aconteceu e despertou o interesse da população, inclusive daqueles que pouco acompanhavam a política”, disse.
Sobre a corrida presidencial, ainda não há lideranças ou blocos consolidados em função dos últimos desdobramentos das investigações contra a corrupção.
“As articulações para as eleições 2018 estão intensas, mas tem sido difícil perceber a formação de lideranças e de blocos. Ainda estamos em um cenário bastante confuso por causa das investigações de corrupção, prisões e condenações, o que deixam o cenário bem incerto”, explicou.
Reclusos definem regras
Nas ruas, a população permanece insegura, refém dos criminosos. As forças de segurança não conseguem proteger a sociedade. E não apenas nas ruas e nas residências os casos de roubos, furtos, homicídios, estupros e violência doméstica continuam sendo registrados.
Também nos presídios, as guerras entre as facções criminosas imperam e são os presos quem ditam as regras, como explica o especialista em segurança pública, Luiz Flávio Sapore.
“Quem manda dentro das prisões são os próprios presos. São eles quem definem as regras de convivência e a ordem interna. O Estado não é capaz de prover o básico, como a alimentação e a assistência jurídica. Aí você começa a entender porque os presos começam a se integrar a essa facções criminosas. É uma questão de sobrevivência dentro da prisão. Infelizmente essa é a realidade do sistema prisional brasileiro. O poder público não domina e não te controle sobre os próprios presos”, ressaltou.
Para o especialista, o sistema prisional precisa de investimentos na ordem de R$ 6 bilhões nos próximos quatro anos para sanar suas deficiências. Ele acredita ainda que o crescimento das guerras de facções dentro dos presídios contribui para aumentar também a violência nas ruas das capitais do país.
Pobres sem saúde
“É fundamental termos um grande plano de investimentos do sistema prisional brasileiro e isso tem que ser feito pela União. Nos próximos quatro anos, o Brasil precisa investir pelo menos R$ 6 bilhões no sistema prisional. É necessário abrir novas vagas e reduzir a superlotação que é superior a 200 mil nas cadeias. Diminuindo essa superlotação, você consegue diminui a capacidade dessas facções surgirem”.
Na saúde, os velhos e recorrentes graves problemas. O governo não consegue proporcionar um atendimento eficaz à população. Os hospitais permanecem lotados e faltam médicos principalmente no interior.
A população de baixa renda continua sofrendo com a infraestrutura precária. E o SUS – Sistema Único de Saúde – ganhou milhares de brasileiros desempregados que não conseguem mais pagar um plano de saúde.